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Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb

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Educação, território e extensão universitária: apontamentos de um sociólogo da educação na antiga faeeba<br />

Foi então que resolvi, em companhia dos alunos,<br />

conhecer a Engomadeira, o bairro mais próximo da<br />

<strong>Uneb</strong>. Levei a primeira turma para fazer pesquisas<br />

nas ruas do bairro, visitando associações e instituições<br />

que desenvolviam trabalhos sociais. A cada<br />

semestre eu e os alunos envolvíamo-nos mais com<br />

a área, até que conseguimos manter contato com o<br />

Conselho de Moradores do Bairro de Engomadeira<br />

(Comobe) e, principalmente, com a sua presidente<br />

na época, D. Antonieta dos Santos. Ela é a atual<br />

presidente do conselho, tendo sido substituída,<br />

durante esse período, apenas uma vez.<br />

Foram utilizadas diferentes estratégias durante<br />

os demais semestres. Em alguns trabalhos de campo<br />

estudamos os hábitos alimentares da população<br />

local, consumo e pontos de venda de produtos; em<br />

outros, em parceria com o conselho e a igreja católica,<br />

através da Pastoral da Criança, ou das escolas<br />

públicas ali existentes, realizamos eventos práticos<br />

como cursos e oficinas de reaproveitamento de alimentos<br />

para as mães. Algumas dessas intervenções<br />

foram desenvolvidas também na própria <strong>Uneb</strong>, o<br />

que veio a ser uma experiência de intercâmbio, pois<br />

não apenas íamos ao bairro como convidávamos<br />

as mães e os representantes das associações para<br />

a universidade.<br />

Esta disciplina criou um elo entre nós (estudantes<br />

e professor) e o bairro, entre nós e as<br />

associações, e entre pessoas que participavam<br />

das atividades planejadas no curso. Contudo, em<br />

1998, fui liberado pelo departamento para fazer<br />

o curso de doutorado em Análise Geográfica Regional<br />

na Universidade de Barcelona. A disciplina<br />

continuou sendo ministrada, porque um colega<br />

me substituiu. O tema que escolhi para a tese foi,<br />

entretanto, uma reflexão sobre o desenvolvimento<br />

local sustentável no extremo sul da Bahia, a partir<br />

de uma experiência que tinha vivenciado quando<br />

trabalhava no Centro de Recursos Ambientais, na<br />

área de estudos de impacto ambiental. Em 2000,<br />

retornei de Barcelona para realizar a pesquisa de<br />

campo, e logo a partir de 2001 voltei a lecionar no<br />

departamento.<br />

Após a conclusão dos créditos do doutorado,<br />

já que outra professora assumira a disciplina, não<br />

pude retomar o trabalho que desenvolvia antes<br />

na Engomadeira. Contudo, lá eu tinha deixado<br />

vínculos, e continuava em contato com o pessoal<br />

98<br />

do Comobe, ajudando-o na organização da escola<br />

comunitária que havia sido criada em 1995, desenvolvendo<br />

trabalhos de assessoria e participando<br />

de reuniões em diversas instituições públicas,<br />

auxiliando no que fosse possível, apesar de estar<br />

muito atarefado na elaboração da tese, que concluí<br />

em novembro de 2002 e defendi em junho de 2003.<br />

Nesse período, colegas que criaram o Programa de<br />

Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade,<br />

em 2000, convidaram-me para trabalhar com<br />

eles, pois havia uma linha de pesquisa pertinente a<br />

meu tema de investigação. No caso, a linha 3, que<br />

se intitulava Educação, Gestão e Desenvolvimento<br />

Local Sustentável.<br />

Naquele ano, 2003, eu já estava iniciando meus<br />

contatos com o bairro de Mata Escura, através da<br />

Escola Estadual Márcia Meccia. Desse trabalho<br />

nasceram vários projetos. Um com o próprio colégio,<br />

denominado Projeto AMATAQUEDÁ, que<br />

teve apoio da Petrobras durante três <strong>anos</strong>, dois<br />

outros com o apoio da Fapesb, intitulados Laboratório<br />

de Desenvolvimento de Tecnologias Socais<br />

(LTECS) e o de uma Agenda 21 nos bairros de Mata<br />

Escura e Estrada das Barreiras, em cooperação acadêmica<br />

com a Unifacs. A partir dessa experiência,<br />

desenvolvi um projeto denominado “Educação e<br />

território: estratégias de desenvolvimento local na<br />

escola”. Com esse projeto tive três alunos de Iniciação<br />

Científica, dois dos quais classificados em<br />

primeiro lugar na avaliação dos coordenadores do<br />

Seminário de Iniciação Científica da <strong>Uneb</strong>.<br />

Os trabalhos em Mata Escura e na Estrada das<br />

Barreiras permitiram-me orientar duas dissertações<br />

de mestrado, trabalhos de conclusão de curso e<br />

projetos de iniciação científica, além da obtenção<br />

do segundo lugar do Prêmio Bahia Ambiental na<br />

categoria Ideia Sustentável, promovido pela antiga<br />

SEMARH (Secretaria Estadual do Meio Ambiente<br />

e de Recursos Hídricos), pela proposta inovadora<br />

do projeto de criar um parque urbano em Mata<br />

Escura.<br />

Neste período de 2003 a 2006, voltei a interagir<br />

com o bairro de Engomadeira, através de outra ação<br />

com estudantes de várias universidades (<strong>Uneb</strong>,<br />

Ucsal e Ufba), na criação de um cursinho pré-vestibular<br />

gratuito e diversas atividades culturais com<br />

outras associações locais, como a Arca do Axé, no<br />

próprio bairro, com o pessoal da área denominada<br />

Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 95-<strong>10</strong>2, jul./dez. 2009<br />

<strong>FAEEBA</strong> <strong>25</strong> <strong>anos</strong>.indd 98 2/2/2011 13:45:06

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