18.04.2013 Views

Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb

Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb

Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Tijolo por tijolo num desenho mágico: construindo sonhos<br />

A universalização do ensino na Bahia e<br />

a sua democratização como eixo formador<br />

do trabalho<br />

A inadiável democratização da educação na<br />

Bahia tinha unido este grupo de educadores como<br />

militantes desde a década de 1980. A produção e o<br />

conhecimento dos indicadores de educação para o<br />

seu planejamento e o engajamento na lutas e mobilizações<br />

nas constituintes, na montagem do capítulo<br />

de educação da constituição da Bahia, o enfrentamento<br />

conjunto de desafios da administração da<br />

educação em municípios e no Governo do Estado<br />

(1987 a 1990), a proposição e a experimentação de<br />

medidas e experiências de correção de rumos na<br />

gestão da escola, em conjunto com movimentos de<br />

professores e do movimento comunitário de bairros<br />

populares, formaram um conhecimento sobre a<br />

profunda assimetria no acesso à escola na Bahia; a<br />

desigualdade dos gastos com educação que, aliada<br />

à extrema descentralização para os pequenos e mais<br />

pobres municípios, conformava um processo de<br />

“municipalização perversa” da educação das séries<br />

iniciais; mais o ônus que caia sobre as famílias de<br />

baixa renda para a educação dos seus filhos. Todo<br />

este conhecimento e vivência foram se agregando<br />

à experiência de pesquisadores e professores. Por<br />

fim, a organização e a condução da Conferência<br />

Estadual de Educação de 1990 e a proposição do<br />

Plano Decenal de Educação da Bahia (abortado<br />

por outro governo ACM em 1991) demandaram<br />

um intenso esforço de reflexão sobre a realidade<br />

educacional baiana e, em especial, sobre o próprio<br />

sistema de ensino superior do Estado. 4<br />

O desafio, agora na Universidade do Estado da<br />

Bahia, era pensar como transformar este conhecimento<br />

em uma resposta formativa para novos<br />

educadores; como incluir as certezas da exclusão<br />

e das formas de discriminação de grandes parcelas<br />

da população baiana em impulso propulsor de uma<br />

concepção de curso de pós-graduação em educação<br />

e em realidades educacionais inclusivas.<br />

Estabeleceu o grupo, então, um percurso formativo,<br />

através de um levantamento das motivações de<br />

pesquisa de cada um e da discussão das bases teóricas<br />

das proposições. Foi organizado um seminário<br />

interno, em que os membros do grupo e professores<br />

convidados de outras universidades apresentaram e<br />

134<br />

colocaram em discussão a experiência de pesquisa<br />

e a vivência de pós-graduação existente no Departamento.<br />

Por fim, foi realizado um grande seminário<br />

sobre Pesquisa, Pós-graduação e Extensão, em que<br />

foram discutidas as bases do Programa. Tomaramse<br />

como preocupações principais:<br />

A) As questões referentes ao respeito à alteridade,<br />

a afirmação da pluralidade cultural do povo brasileiro<br />

e a afirmação conjunta do direito à diferença e do<br />

direito à igualdade. Hoje, chegamos à certeza de que<br />

a luta pelos direitos hum<strong>anos</strong> tem como substrato o<br />

reconhecimento desta tensão, em que o reconhecimento<br />

do direito a ter direitos passa do estágio do<br />

subjetivo – cada homem é sujeito de direito e é em<br />

cada um deles que o direito se corporifica – ao estágio<br />

do reconhecimento que há uma contra-face nesta afirmação:<br />

ela é uma afirmação do coletivo dos homens,<br />

e se realiza simultaneamente no eu e no outro.<br />

B) O impacto da ação humana sobre o meio<br />

ambiente; a formação do cidadão gestor de seus<br />

territórios e o estabelecimento de um cuidado com a<br />

vida. A consciência da finitude passava agora da esfera<br />

individual para a compreensão dos limites coletivos<br />

no uso do espaço-lugar de vida humana no planeta.<br />

C) As questões referentes ao impacto das novas<br />

formas de comunicação sobre o conhecimento, sua<br />

produção e circulação; as relações entre tempo e<br />

espaço, tidas como dadas, agora se mostravam<br />

mutantes e fluidas. O uso dos computadores e das<br />

tecnologias de informação na educação, a utilização<br />

da Internet, a comunicação por satélites, permitiam<br />

agora a utilização de textos diversos e a realização<br />

simultânea de ações em espaços diferentes, agora<br />

interligados “em tempo real”.<br />

D) O reconhecimento da produção do conhecimento<br />

como resultado de uma interação entre a<br />

subjetividade humana, o mundo e a sociedade, o seu<br />

estar no mundo: entre indivíduo e coletivo social,<br />

se estabelecem pautas de aprendizagem e formas<br />

de interação possibilitam a apreensão – construção<br />

do real. O conhecimento, assim, é resultado de<br />

permanente construção e reconstrução. Ao tempo<br />

em que é conformado pelo pensar coletivo, pode<br />

4 Ver documentação publicada pelo Instituto Anísio Teixeira, na<br />

ocasião. Disponível no Centro de Referência e Memória da Educação<br />

na Bahia, <strong>PPGEduC</strong>. O material sobre o Seminário de Pesquisa e<br />

Extensão encontra-se também no Centro, sendo constituído de fitas<br />

gravadas e material impresso.<br />

Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 131-142, jul./dez. 2009<br />

<strong>FAEEBA</strong> <strong>25</strong> <strong>anos</strong>.indd 134 2/2/2011 13:45:09

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!