Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb
Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb
Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
presentes em relatórios publicados por diferentes<br />
instituições, revelam como fatores impeditivos das<br />
novas compreensões do desenvolvimento e relacionados<br />
com a desigualdade, se aliam a falta de<br />
educação. Assim, existe a compreensão em âmbito<br />
global de que a relação entre educação e desenvolvimento<br />
se revela tanto para atender as demandas<br />
dos novos processos produtivos globalizados como<br />
nos novos discursos e propostas relacionados a<br />
justiça social e equidade e nas diminuição das desigualdades.<br />
A educação e o desenvolvimento são<br />
vistos como importantes e indissociáveis requisitos<br />
aplicados para o atendimento das múltiplas e<br />
complexas necessidades humanas, meio ambiental<br />
e sócioeconômico e cultural das sociedades.<br />
No âmbito da América latina e Caribe, região<br />
onde os resultados nocivos da desigualdade são<br />
mais evidentes, o apelo social a uma promoção e<br />
redistribuição da riqueza para romper o ciclo de<br />
pobreza se revelava historicamente tanto nas lutas<br />
por direitos e justiça na sociedade – incluídas as<br />
lutas por educação – como por prosperidade e<br />
desenvolvimento regional.<br />
Ainda na segunda metade do século XIX, a<br />
América Latina vivenciava um modelo de desenvolvimento<br />
pautado no ideário positivista de progresso.<br />
Predominava a idéia de que a incapacidade<br />
dos governos e a pobreza dos países periféricos<br />
necessitavam da ajuda de países civilizados para<br />
vencer os obstáculos que lhes impediam desenvolverem-se,<br />
justificando os procedimentos de<br />
intervenção e dominação nos países pobres, pelos<br />
ditos “civilizados”. A educação, neste modelo contribuiria<br />
para ajudar aos paises atrasados a superar<br />
seus atrasos e dificuldades.<br />
Até o final da Segunda Guerra os países latinoameric<strong>anos</strong><br />
tinham na agroexportação, centrado<br />
na agricultura e orientado para a exportação, o seu<br />
modelo de desenvolvimento. A partir dos <strong>anos</strong><br />
50, emergiu um novo estilo de desenvolvimento<br />
caracterizado pela agilização da acumulação do<br />
capital e inovações tecnológicas procedentes do<br />
estrangeiro. Muitas das economias dos países dessa<br />
região tornaram-se urbano-industriais, e o modelo<br />
de desenvolvimento começou a estreitar laços com<br />
a educação. A noção de educação para o desenvolvimento<br />
relacionando os processos educativos com<br />
o crescimento econômico e com as exigências do<br />
Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 187-196, jul./dez. 2009<br />
Emília Maria da Trindade Prestes<br />
processo de industrialização concebeu a educação<br />
como um bem, formalizada na Teoria do Capital<br />
Humano. Já nos <strong>anos</strong> mil novecentos e cinqüenta,<br />
organismos regionais e internacionais como a<br />
Cepal, Unesco, Orealc e OEA, baseando-se nessa<br />
teoria, começaram a exercer influência na elaboração<br />
das políticas educativas dessa região latinoamericana<br />
e nos enfoques educativos relacionados<br />
com as propostas de desenvolvimento, crescimento<br />
e transformação estruturais da região.<br />
Este foi um período em que os ideais democratizantes<br />
percorreram o mundo do pós-guerra<br />
propiciando mudanças nos contornos do mundo<br />
econômico, político e social. No caso da educação,<br />
houve reconhecida melhoria quantitativa e qualitativa<br />
da educação pública em seus diferentes níveis<br />
de atendimento, com ampliação de estabelecimentos<br />
escolares, matrículas e professores com maior<br />
qualificação. Novas medidas econômicas sob as<br />
orientações diretas da Cepal e dos novos economistas<br />
tentavam encontrar caminhos para vencer as<br />
dificuldades estruturais da região em busca do desenvolvimento.<br />
As propostas políticas e ideológicas<br />
da educação para o desenvolvimento anunciavam<br />
aos latinos os desafios de natureza político, econômico<br />
e social que se apresentavam no novo cenário<br />
internacional em fase de transformações e a necessidade<br />
da educação acompanhar as novas demandas<br />
em processo. Era urgente formar pessoas para o<br />
“despertar das consciências atrasadas”, tornando-as<br />
adaptadas a um modelo de desenvolvimento compatível<br />
com aqueles provenientes das economias<br />
industrializadas e tecnológica, ainda quando fosse<br />
um modelo gerador de maior diferenciação entre<br />
centro-periferia, de desemprego e da distribuição<br />
injusta da riqueza. Durante as décadas de mil novecentos<br />
sessenta e setenta, o fato da região, quase em<br />
sua totalidade, vivenciar crises sociais e políticas,<br />
com implantação de sistemas militares ditatoriais,<br />
tende a dificultar enfrentar as severas crises econômicas<br />
e financeiras decorrente da crise internacional<br />
do capitalismo e das suas transformações. A região<br />
em sua totalidade mergulha em uma situação de<br />
depressão e de agudização de dependência externa.<br />
A crise da década de 1980, comparada somente<br />
com a experiência da grande depressão de 1929,<br />
provocou o estancamento da produção, gerou uma<br />
redução de renda em <strong>10</strong>% por habitante em relação<br />
<strong>FAEEBA</strong> <strong>25</strong> <strong>anos</strong>.indd 191 2/2/2011 13:45:15<br />
191