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Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb

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questão da grave crise de qualidade na qual a educação<br />

brasileira está, há décadas, mergulhada.<br />

Mudar a perspectiva que tem imperado nas<br />

concepções dos programas e projetos destinados<br />

ao desenvolvimento da educação, que leva em<br />

consideração apenas os aspectos mercadológicos<br />

e quantitativos, já seria um bom começo. Pensar<br />

na educação como um direito de todos, e com a<br />

qualidade necessária ao desenvolvimento cognitivo,<br />

afetivo e social dos educandos é o caminho<br />

a ser seguido pelos governos comprometidos com<br />

os sujeitos desse direito.<br />

É isso que a sociedade necessita construir e<br />

exigir, saindo da atitude contemplativa e da perspectiva<br />

assistencialista, para a construção efetiva<br />

de uma educação estruturada a partir do reconhecimento<br />

das reais relações instituídas entre as distintas<br />

esferas de poder nacional, estadual e regional,<br />

levando em conta a diversidade e a complexidade<br />

dos fenômenos da vida social e educacional, assim<br />

como os diversos atores envolvidos nesse processo.<br />

Será utopia ou será possível a construção de<br />

uma relação pautada em valores, regras e normas<br />

fundamentadas em bases reais, capaz de sair das<br />

abstrações e interpretar o mundo como o mundo<br />

se manifesta?<br />

A idéia de colaboração, ou de parceria, deve<br />

continuar permeando as relações entre as instâncias<br />

decisórias, só que de forma realista, plausível, sem<br />

que a essa idéia de cooperação seja dado um peso<br />

ou um papel que não lhe cabe. Quem sabe assim<br />

a educação básica pode sair do plano do descaso,<br />

ou da disputa, para o plano da cooperação real, da<br />

solidariedade, do compartilhamento de responsabilidades,<br />

contribuindo efetivamente para o desenvolvimento<br />

social e econômico do país?<br />

É isso que se espera de todas as instâncias de<br />

governo. Que estabeleçam diálogos entre si e com<br />

a sociedade civil, no sentido de construir coletivamente<br />

um projeto de sociedade realmente democrática,<br />

participativa, amadurecida, voltada para a<br />

correção das discriminações e das desigualdades. A<br />

educação talvez possa ser a ponte entre a intencionalidade<br />

e a sua concretude, na institucionalização<br />

de práticas que valorizem os diversos sujeitos, que<br />

Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 155-160, jul./dez. 2009<br />

Ana Maria Silva Teixeira; Avelar Luiz Bastos Mutim<br />

garantam o direito de definir o destino da educação<br />

e da nação. A pergunta que se faz é a seguinte: será<br />

que os dirigentes da educação, em todas as esferas<br />

de governo, acreditam mesmo ser possível estabelecer<br />

esse regime de colaboração?<br />

Instituir um regime de colaboração de forma<br />

compulsória não ajuda a tomada de consciência<br />

nem a mudança de mentalidade. Serve apenas como<br />

mecanismo de regulação da ordem e das relações<br />

que devem ser pautadas, a princípio, pelo respeito<br />

à autonomia de cada ente federativo.<br />

Por outro lado, essa desigualdade social e<br />

econômica entre os entes federativos exige um<br />

nivelamento de oportunidades. Assim, o discurso<br />

sobre o regime de colaboração passa a ser retórica<br />

para o estabelecimento de parcerias pontuais. As<br />

políticas educacionais que interessam aos governos,<br />

às elites nacionais e às agências internacionais<br />

são implementadas de forma compulsória.<br />

Quando se analisa o jogo de forças e os interesses<br />

que permeiam as relações entre os entes<br />

federados, o regime de colaboração fica à mercê<br />

da vontade política de cada governante, confundindo-se<br />

com a assinatura de acordos, projetos e<br />

programas pontuais, que visam ao desenvolvimento<br />

de ações, tendo por base o repasse de recursos,<br />

especialmente financeiros, ou a transferência de<br />

atribuições diversas de um ente para outro, demonstrando<br />

assim essa vocação conservadora de<br />

se manter uma perspectiva idealista, que concebe<br />

a noção de colaboração de forma ingênua, utópica,<br />

ao se pensar que, em relações tão conflitantes e de<br />

interesses tão diversos, esse regime, sinônimo de<br />

cooperação, compartilhamento e de ajuda, por isso<br />

mesmo baseado no desejo e no voluntarismo, tenha<br />

possibilidade de ser materializado nas práticas<br />

educativas entre esferas de poder tão desiguais,<br />

conflitantes e concorrentes.<br />

Diante do quadro analisado, resta uma questão, que é<br />

central, e que precisa ser respondida: qual a proposta<br />

que os governos, federal, estaduais e municipais, têm<br />

para construir esse regime de colaboração, de modo<br />

que altere a educação básica, a sua qualidade e sua<br />

estrutura, e, consequentemente, a vida e a cultura<br />

dos sujeitos históricos?<br />

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