Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb
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A pedagogia de Manuel Tranquillino Bastos<br />
a serem adquiridos; e uma visão do homem a ser<br />
formado. Procuramos demonstrar a existência de<br />
uma atividade pedagógica na ação educativa do<br />
Mestre Tranquillino Bastos, na sua atividade frente<br />
a várias bandas e filarmônicas que criou e ajudou<br />
a manter no interior da Bahia.<br />
2. A análise dos resultados<br />
2.1 Bandas, Filarmônicas e Sociedades<br />
Civis e o ensino de música<br />
As Bandas de Música surgiram oficialmente<br />
e em suas formações como são vistas até hoje, a<br />
partir do advento oficial da Banda Militar no Brasil<br />
Colonial, quando foi determinada a organização<br />
de uma banda de música em cada Regimento de<br />
Infantaria.<br />
216<br />
Com o decreto de 20 de agosto de 1802, ficou<br />
determinada a organização, em cada regimento de<br />
infantaria, de uma banda de música com instrumentação<br />
fixa, passando o seu financiamento das mãos<br />
da oficialidade para o Erário régio. Outro decreto,<br />
de 27 de março de 18<strong>10</strong>, estabeleceu que, em cada<br />
um dos quatro regimentos de Infantaria e Artilharia<br />
da corte, fosse formada uma banda de música com<br />
12 ou 16 músicos, não podendo este número ser<br />
aumentado por motivo algum. Um novo decreto,<br />
de 11 de dezembro de 1817, determinou aos batalhões<br />
de Infantaria e de Caçadores a organização de<br />
suas respectivas bandas de música, utilizando-se os<br />
seguintes instrumentos: duas primeiras clarinetas,<br />
sendo uma delas também o mestre, duas segundas<br />
clarinetas, um flautim, uma requinta, duas trompas,<br />
dois clarins, dois fagotes, um trombão ou serpentão,<br />
um segundo serpentão, um bombo e uma caixa de<br />
rufo. (REIS apud SCHWEBEL, 1987, p. 8).<br />
As Sociedades Filarmônicas, de Euterpe ou<br />
Lítero Musicais, são verdadeiros centros culturais<br />
de formação musical e cidadania, que tem como<br />
objetivo desenvolver em cada indivíduo uma nobre<br />
e importante qualidade humana: a sensibilidade.<br />
Essas sociedades atuam como extensões da família<br />
na formação educacional e músico-profissional do<br />
sujeito na sociedade, incorporando-o eticamente na<br />
coletividade. Segundo afirmação de Dantas, “Elas<br />
eram constituídas de uma diretoria que se interessava<br />
pela criação de bibliotecas, salas para audição<br />
de poemas e apresentações de dança”. (http://www.<br />
casadasfilarmonicas.org.br/casa.htm). As Bandas<br />
ligadas a essas sociedades apresentam-se em coretos,<br />
festas e comemorações cívicas e religiosas.<br />
Ainda segundo Dantas, “A Sociedade Filarmônica<br />
Erato Nazarena, da cidade de Nazaré-Bahia, fundada<br />
em 1863, foi a primeira a ser criada no Estado<br />
da Bahia”. (http://www.casadasfilarmonicas.org.<br />
br/casa.htm).<br />
A atividade musical das Bandas e Filarmônicas<br />
na Bahia foi muito intensa no final do século XIX<br />
e início do XX, basta observar a quantidade de<br />
Filarmônicas que surgiu na Bahia nesse período.<br />
Segundo a Casa das Filarmônicas, existem hoje no<br />
Estado da Bahia cerca de oitenta e seis filarmônicas<br />
e uma banda em atividade. Dessas, vinte e duas<br />
Filarmônicas ultrapassam os cem <strong>anos</strong> de idade<br />
e a Banda da Polícia Militar do Estado da Bahia<br />
“Maestro Wanderley”, a que já me referi, hoje com<br />
seus 157 <strong>anos</strong> de idade, é a mais antiga corporação<br />
musical militar do Brasil em atividade. De acordo<br />
com minhas pesquisas, além dessas corporações,<br />
existem ainda quatro Filarmônicas e três Bandas<br />
ainda não inclusas nesta lista. Destas quatro Filarmônicas,<br />
três delas estão desativadas e uma está<br />
em atividade, sendo que somente três têm mais de<br />
cem <strong>anos</strong> de idade. Dessa maneira, no período de<br />
vida de Tranquillino Bastos existiram cinqüenta<br />
e duas corporações musicais civis e militares em<br />
plena atividade na Bahia. Vale a pena salientar que<br />
a maioria dessas corporações está localizada no<br />
Recôncavo Baiano e proximidades.<br />
No que concerne ao papel dessas entidades,<br />
segue abaixo parte de uma entrevista do mestre de<br />
banda Igaiara Índio dos Reis que dá a diferença<br />
entre banda e filarmônica e relata a importância e a<br />
função dessas corporações musicais como agentes<br />
formadores de músicos.<br />
A Filarmônica, ela é uma corporação musical onde<br />
existem sócios. É como se fosse uma coisa privada,<br />
já entendeu? Então tem a diretoria, tem sócios,<br />
os sócios contribuem, e tal. E a banda de música<br />
não. A banda de música no caso da banda Maestro<br />
Wanderley, é uma coisa pública, entendeu? Ela é<br />
paga pelo poder público, e musicalmente tem muita<br />
diferença. Ah, tem muita diferença, tem muita<br />
diferença, porque a banda de música, a banda de<br />
música profissional, ela justamente, ela pega o<br />
Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 213-228, jul./dez. 2009<br />
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