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Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb

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na medida em que se compromete de forma ativa,<br />

participativa, com o mundo supercomplexo,<br />

diversificado, no qual está encravada. Renunciar<br />

ao poder da racionalidade soberana não quer dizer<br />

que renuncia nem à sua condição crítica nem à<br />

própria razão, ao contrario, leva mais longe essa<br />

razão crítica ao propor-se como uma razão desconstrutiva,<br />

quer dizer, uma razão inventiva e aberta<br />

ao outro e à diferença, e não fica presa no castelo<br />

moderno da razão auto-suficiente e dominada pela<br />

meta-narrativa.<br />

3.5. O compromisso participativo<br />

[...] no conjunto da sociedade tem muitos outros produtores<br />

ou definidores de conhecimento (indústria,<br />

assessores, profissionais). [..] A segunda razão que<br />

apóia uma política de compromisso participativo é<br />

que, na sociedade do conhecimento, tem um número<br />

crescente de clientes para os serviços da universidade.<br />

[...] Numa era de supercomplexidade, a universidade<br />

tem que estar preparada para escutar, tanto<br />

como para falar”. (BARNETT, 2002, p. 147)<br />

É impossível, portanto, que a Universidade<br />

contemporânea não se envolva com a sociedade,<br />

mas cabe perguntar se por “sociedade” se entende<br />

uma sociedade de classes, o que evidentemente cremos<br />

que é e, por conseguinte, a universidade deve<br />

comprometer-se com as classes sociais de modos<br />

distintos. Interpretando a proposta de Barnett, pensaríamos<br />

que a colaboração com as comunidades<br />

economicamente e culturalmente desfavorecidas<br />

teria a mesma importância estratégica do que os<br />

grandes compromissos de pesquisa com a industria<br />

ou com o setor avançado de serviços. As tecnologias<br />

de ponta, que são suportes para potenciais<br />

desenvolvimentos comerciais em longa escala,<br />

deveriam ter também uma aplicação social a baixo<br />

custo (por exemplo, o milhão de computadores<br />

do MIT - Governo de Lula). Mas isso requer que<br />

os pesquisadores saiam de suas áreas reservadas<br />

de estudo e se articulem não só politicamente,<br />

mas epistemologicamente, com outras áreas do<br />

conhecimento e com outras instituições que não<br />

seus departamentos acadêmicos. Isto nos obriga,<br />

segundo cremos, a ter que discutir, mais claramente,<br />

qual é o conceito de ciência que está sendo posto<br />

em jogo na pós-modernidade.<br />

Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 161-176, jul./dez. 2009<br />

Fernando Juan García Masip<br />

Desde Lyotard, sabemos que a produção de<br />

saberes tem uma face dupla e que, por conseguinte,<br />

estes podem estar conectados entre si, ou não. Os<br />

saberes performativos são aqueles que se organizam<br />

cientificamente visando uma obtenção eficaz,<br />

tecnicamente falando, de resultados que possam<br />

tornar-se mercadorias. O saber instrumental, efetivamente,<br />

é o que está desenhando as principais<br />

estratégias globais para o desenvolvimento tecnológico<br />

da ciência. Porém, esta está passando por<br />

transformações epistêmicas tão importantes que<br />

valeria a pena avaliá-la porque suas possibilidades<br />

de criatividade e de inventividade estão superando<br />

as proposições da ciência moderna stricto sensu e<br />

de sua performatividade técnico-mercadológica.<br />

Lyotard era claro, em 1979, ao se referir aos<br />

tipos de pesquisa que estavam se delimitando:<br />

Permite fazer que se compreenda a extensão dessas<br />

pesquisas centradas nas singularidades e nas ‘incomensurabilidades’<br />

até o domínio da pragmática das<br />

dificuldades cotidianas. A idéia que se obtém dessas<br />

pesquisas (e de bastante outras) é que a preeminência<br />

da função continua derivada como paradigmas do<br />

conhecimento e da previsão está rumo de desaparecer.<br />

Interessando-se pelos indecidivéis, os limites<br />

da precisão do controle, os quanta, os conflitos de<br />

informação não completa, os fracta, as catástrofes,<br />

os paradoxos pragmáticos, a ciência pós-moderna faz<br />

a teoria de sua própria evolução como descontinua,<br />

catastrófica, não retificável, paradoxal. Cambia o<br />

sentido da palavra saber, e diz como pode acontecer<br />

esse cambio. Produz, não o conhecido, mas o desconhecido.<br />

E sugere um modelo de legitimação que não<br />

é, em absoluto, o da melhor performance, mas o da<br />

diferença entendida como paralogia“. (LYOTARD,<br />

p. 123-4) 14<br />

Ao renunciar às grandes narrativas modernas,<br />

esse modelo de legitimação permite, à ciência, e à<br />

razão científica, abrir suas possibilidades inventivas<br />

e disseminar-se significativamente, pondo em jogo,<br />

14 LYOTARD, Jean-Francois. La condition postmoderne. Un rapport<br />

sur le savoir. Paris : Minuit, 1999 (1979). “En s’intéressant aux<br />

indécidables, aux limites de la prévision du contrôle, aux quantas,<br />

aux conflits à l’information non complète, aux « fracta », aux catastrophes,<br />

aux paradoxes pragmatiques, la science postmoderne fait la<br />

théorie de sa propre évolution comme discontinue, catastrophique,<br />

non rectifiable, paradoxale. Elle change le sens du mot savoir, et elle<br />

dit comment ce changement peut avoir lieu. Elle produit non pas du<br />

connu, mais de l’inconnu. Et elle suggère un modèle de légitimation<br />

qui n’est nullement celui de la meilleure performance, mais celui de<br />

la différence comprise comme paralogie.” (p. 96).<br />

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