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Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb

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Novo enfoque dos estudos internacionais<br />

las por esquemas de intimidação, organizados de<br />

forma permanente e poderosa, como ocorre em<br />

política internacional (na sequência do que se<br />

tem feito – e em muitos casos ainda se faz – nas<br />

políticas nacionais). Se a palavra “anárquico” é<br />

vista como sinônimo de desordem, caos etc., a<br />

existência de Estados, com fortes meios coercivos<br />

e repressivos, não garante ausência de caos e<br />

desordem – sangrentos – em dezenas de países do<br />

mundo atual, entendido como um todo. Ao mesmo<br />

tempo, as regras do sistema internacional e os riscos<br />

de sua não observância – durante e após a guerra<br />

fria – fazem desse conjunto de regras verdadeiras<br />

instituições, com capacidade e margem de manobra<br />

para reprimir os perturbadores.<br />

Os que permanecem entusiastas da formulação<br />

de Morgenthau (autor da frase sobre a “anarquia”<br />

internacional) só concebem ordem, normas e<br />

regras, onde há governo no sentido formal de tradição<br />

ocidental, esquecendo que há outros meios,<br />

igualmente efetivos, para garantir coesão (e punir<br />

desvios), ou seja, que a gestão multinacional,<br />

multicultural ou de áreas geográficas alargadas,<br />

não passa necessariamente pelos mesmos mecanismos<br />

de afirmação de poder montados para escalas<br />

nacionais ou comunitárias. Não tem importância<br />

que não exista governo mundial. O que importa<br />

é que as relações internacionais obedecem em<br />

20<strong>10</strong> a regras incomparavelmente mais efetivas<br />

que Westfalia, em 1648. O que isso significa é que<br />

constitui interrogação de pesquisa, voltada para o<br />

conhecimento da dinâmica produzida e não afirmações<br />

que correspondem a uma fase das Relações<br />

Internacionais, equivalentes ao que foi a filosofia<br />

social para as ciências sociais.<br />

Estes aspectos ainda não entraram nos programas<br />

de ensino em Relações Internacionais no Brasil,<br />

onde o conhecimento de clássicos é considerado<br />

como critério principal nas avaliações, resultando<br />

em turmas com excelente capacidade de citação dos<br />

clássicos ou seus sucessores, mas ignorando detalhes<br />

cruciais da realidade e receosas de exercerem<br />

espírito crítico, em virtude dos riscos de punição<br />

do sistema – no caso, reprovação.<br />

O desequilíbrio em beneficio da teorização tradicional<br />

prolonga dicotomias das velhas escolas,<br />

torna quase ausente o importante vetor cultural<br />

e piora as ligações ao estudo da Economia In-<br />

198<br />

ternacional. Piora, porque um largo número de<br />

economistas mantém também uma postura autista,<br />

conforme a excelente definição do Post Autistic<br />

Economics Movement, rede lançada em 2000 por<br />

alguns nomes conhecidos da docência e pesquisa<br />

em Economia de vários países, que assinalaram a<br />

esterilidade em que a disciplina caiu e mencionaram<br />

constantes reclamações dos estudantes para<br />

mais precisão nos conhecimentos transmitidos.<br />

Duas atitudes críticas, prelúdio a todos os momentos<br />

de renovação nas Ciências Sociais. No meio<br />

de 2009, a rede ligava acima de onze mil pessoas<br />

em 150 países.<br />

O uso frequente da expressão “pós” (e “neo”)<br />

traduz, sem duvida, um momento conceitual ainda<br />

provisório, característico de fase transitória, tendo<br />

esta rede ganho notoriedade não apenas pelos trabalhos<br />

já publicados, em livros ou na “Real-World<br />

Economics Review”, mas porque propõe o estudo<br />

da Economia a partir de critérios como: “concepção<br />

alargada do comportamento humano; reconhecimento<br />

da cultura; consideração da História; nova<br />

teoria do conhecimento; observação empírica<br />

(empirical grounding); métodos diversificados<br />

(expanded); dialogo interdisciplinar. (Post-Autistic:<br />

diversos).<br />

Partindo deles, constatamos que o slogan sobre<br />

os papeis “de base” ou “de decisão” da agricultura<br />

e indústria – proclamado por Lênin, mas implicitamente<br />

aceito na prática por vários teóricos<br />

liberais – foi lançado numa fase em que o novo<br />

poder visava incitar a produção e a modernização<br />

na Rússia, pouco depois da revolução de outubro<br />

e esqueceu que os fatores decisivos em Economia<br />

são relativos aos momentos e aos desafios.<br />

A industrialização não exclui o valor decisivo da<br />

agricultura, como revela seu peso no saldo positivo<br />

da balança comercial brasileira, mesmo depois do<br />

país ter alcançado boa capacidade industrial, ou<br />

como se depreende da política de subsídios agrícolas<br />

europeus e norte-americ<strong>anos</strong>.<br />

Em Economia, a hierarquização ou subalternização<br />

de setores traduz uma visão pouco atenta<br />

ao caráter mutável e combinado do papel de cada<br />

um. Foi o “autismo” inerente a postulados desse<br />

tipo que favoreceu as crises humanitárias africanas,<br />

onde a queda da agricultura arrastou em depressão<br />

todo o contexto, de forma prolongada.<br />

Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 197-204, jul./dez. 2009<br />

<strong>FAEEBA</strong> <strong>25</strong> <strong>anos</strong>.indd 198 2/2/2011 13:45:15

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