Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb
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A relação entre educação de jovens e adultos e as propostas de desenvolvimento na américa latina e caribe: comentários a partir da vi confintea<br />
após os <strong>anos</strong> de 2006 e 2008 a luta conta a fome<br />
“praticamente perdeu todos os avanços alcançados<br />
nas décadas anteriores e com a eclosão da crise<br />
financeira internacional, estima-se que muitos<br />
outros avanços conquistados anteriormente serão<br />
perdidos (Cepal), ampliando as migrações internas<br />
e externas, a violência, o aumento do racismo e do<br />
machismo, e a exclusão social.<br />
Todos esses fatores implicam que, apesar das<br />
muitas reformas educacionais e do aumento de<br />
investimento educacional para promover o acesso<br />
e a permanência dos alunos na educação básica,<br />
formar professores ou realizar avaliações educacionais,<br />
a exclusão escolar poderá permanecer.<br />
O analfabetismo, a baixa escolaridade e a desqualificação<br />
são situações que se reproduzem em<br />
todos os 41 paises da região e nos seus territórios.<br />
Segundo o relatório da Unesco organizado para a<br />
VI Confintea, a região latinoamericana habitada<br />
por 577 milhões de pessoas, concentra cerca de<br />
35 milhões, com mais de 15 <strong>anos</strong> de idade, consideradas<br />
analfabetas e 88 milhões sem concluir a<br />
primeira fase do ensino fundamental. O Brasil tem<br />
o número mais alto de analfabetos, cerca de 40%<br />
do total da região, havendo uma maior incidência<br />
entre os homens.<br />
Em meio a essa realidade educacional relacionada<br />
a outras situações que refletem a exclusão e<br />
a marginalidade social dessas populações jovens e<br />
adultas, um dos grandes desafios das atuais políticas<br />
educacionais é ampliar as possibilidades concretas<br />
de aprendizagens desses grupos na comunidade,<br />
no trabalho, através dos meios de comunicação<br />
de massa, na participação social e no exercício da<br />
própria cidadania.<br />
No marco da aprendizagem ao longo da vida<br />
e diante dos contingentes de analfabetos e desempregados<br />
é impossível planejar políticas sem<br />
atentar para as necessidades de alfabetização aliadas<br />
à formação profissional capaz de possibilitar a<br />
participação no mundo do trabalho. Fica também<br />
simplista estabelecer análises e projeções sobre as<br />
aprendizagens das pessoas jovens e adultas sem<br />
compreender o contexto sóciopolítico e econômico<br />
onde estas pessoas estão inseridas e sem considerar<br />
a cultura, os poderes e as regras que regem a formação<br />
social e as normas de conduta das populações<br />
e das instituições dessa região.<br />
190<br />
As atuais políticas e tendências da Educação<br />
de Adultos – na América Latina e Caribe denominadas<br />
de Educação de Jovens e Adultos (EJA),<br />
ardorosamente debatidas na VI Confintea, talvez<br />
não tenham os resultados esperados, sem que sejam<br />
observadas as condições de vida e de trabalho de<br />
cerca de 270 milhões de pessoas pobres ou miseráveis<br />
e que continuam habitando essa região. Sem a<br />
observância do cumprimento dos direitos hum<strong>anos</strong><br />
e dos processos democráticos e sober<strong>anos</strong> desses<br />
povos latino-americ<strong>anos</strong>, fica mais difícil passar da<br />
“palavra a ação”, o grande lema da VI Confintea.<br />
Como reconheceu o Ministro da Educação brasileira,<br />
Fernando Haddad, em depoimento político na<br />
abertura da grande Conferência, no cenário atual de<br />
crise econômica mundial: “Desenvolvimento econômico<br />
sustentável depende de desenvolvimento<br />
humano sustentável”. Talvez não seja demasiado<br />
recordar que esses requisitos, por sua vez, dependem<br />
da educação.<br />
A relação entre educação e desenvolvimento<br />
no Marco de Belém 4<br />
Como anteriormente comentado, durante os<br />
debates travados na Sexta Confintea, a compreensão<br />
sobre a existência de relação entre educação<br />
de pessoas adultas e as atuais propostas de desenvolvimento<br />
constituiu-se homogeneidade entre as<br />
diferentes delegações presentes ao evento. Também<br />
foi compreendido que a mera relação em si não é<br />
suficiente para permitir a existência de uma educação<br />
de qualidade nem propiciar o desenvolvimento.<br />
A sua efetivação vai necessitar ser incorporada às<br />
políticas e aos projetos educativos da aprendizagem<br />
e educação ao longo da vida.<br />
A recente ênfase sobre a existência dessa relação<br />
não é um assunto que emerge na atualidade, nas<br />
situações das atuais transições, crises e necessidades,<br />
mas sim um tema reatualizado e adaptado em<br />
diferentes fases históricas dos processos sociais,<br />
sobretudo na América Latina e Caribe, depois dos<br />
<strong>anos</strong> 50, principalmente. O que ocorre é que no momento<br />
contemporâneo, as análises dos indicadores<br />
4 O Marco de Belém significou um documento que orientou os debates<br />
e posicionamentos iniciais sobre as propostas políticas a serem<br />
tratadas na Confintea.<br />
Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 187-196, jul./dez. 2009<br />
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