Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb
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No Brasil, importantes pesquisadores, especialmente<br />
da área de ciências sociais, têm participado<br />
desse debate, o que produziu novas abordagens<br />
sobre a questão ambiental a partir de nossa própria<br />
realidade, conforme sublinha Vieira (1995). Quanto<br />
ao tema educação, desenvolvimento, participação<br />
e meio ambiente, podemos citar os trabalhos de<br />
Gadotti (2007), Acselrad; Mello; Bezerra (2006),<br />
Guerra; Cunha (2006), Menegat; Almeida (2004),<br />
Cavalcanti (2001), Vieira (2001), Reigota (1999),<br />
Ferreira; Viola (1996), Jacobi (1996), Hogan;<br />
Vieira, (1995).<br />
Nunes (2007, p. <strong>10</strong>8) analisa a participação dos<br />
movimentos sociais nas decisões de políticas de<br />
desenvolvimento e de instalação de indústrias e<br />
empreendimentos potencialmente poluidores nos<br />
territórios: “Na atualidade buscam-se modelos<br />
participativos de intervenção que possam responder<br />
a essa intrigante equação do mundo pós-moderno<br />
de integrar crescimento, equidade e meio ambiente<br />
[...] O fundamento básico dessa nova perspectiva<br />
é a participação das pessoas no processo de planejamento.”<br />
A apropriação do ambiente natural e de seus recursos<br />
por grupos sociais coloca a questão ambiental<br />
como um dos principais problemas enfrentados na<br />
contemporaneidade, principalmente nas grandes<br />
cidades e estimula as ações dos movimentos sociais<br />
na busca de alternativas a esses impactos. Salvador,<br />
com cerca de 2,9 milhões de habitantes, possui graves<br />
problemas socioambientais. Além da precária qualidade<br />
de vida de grande parte da população, a capital<br />
baiana sofreu inúmeras perdas de áreas verdes em<br />
todo seu território. O território ocupado pela <strong>Uneb</strong><br />
no Campus I, no bairro do Cabula e adjacências, é<br />
um desses exemplos expressivos em que venho me<br />
ocupando em meus trabalhos de ensino, pesquisa<br />
e extensão, desde que passei a lecionar, em 1994,<br />
na antiga Faeeba, atual Departamento de Educação<br />
(DEDC-I). A seguir, mostro como se deu minha experiência<br />
que ultrapassou os muros da universidade.<br />
Pesquisa-ação na <strong>Uneb</strong><br />
Cheguei em 1994 na Faeeba, após concurso<br />
público para professor de Sociologia. Foi quando<br />
começou meu contato com o bairro do Cabula,<br />
depois com o da Engomadeira, os de Mata Escura<br />
Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 95-<strong>10</strong>2, jul./dez. 2009<br />
Eduardo José Fernandes Nunes<br />
e Estrada das Barreiras. Sobre meus 15 <strong>anos</strong> de docência<br />
no Campus I, vou me referir aos projetos que<br />
desenvolvi nesses bairros próximos à <strong>Uneb</strong>, campo<br />
de investigação que teve início quando assumi a<br />
disciplina Desenvolvimento de Comunidades, no<br />
curso de Nutrição, até a entrada no <strong>PPGEduC</strong>, em<br />
2003, na linha de pesquisa Educação, Gestão e Desenvolvimento<br />
Local Sustentável, até o presente.<br />
Nossa área de atuação no Departamento de<br />
Educação, formada pelas disciplinas de Sociologia,<br />
Antropologia e Política era — e ainda é — a<br />
que abastece em ciências sociais todos os outros<br />
departamentos do campus. Confesso que resisti<br />
no início quando me ofereceram a disciplina Desenvolvimento<br />
de Comunidades para o curso de<br />
Nutrição, por ela ser vista pelos professores da área<br />
com certo preconceito por causa da forte abordagem<br />
assistencialista e da influência americanista<br />
que ficou associada a esse conceito desde os <strong>anos</strong><br />
1960 no Brasil, através do acordo MEC-Usaid.<br />
Encarei o desafio e fui aos poucos construindo o<br />
conteúdo da disciplina e a procurar novos enfoques<br />
para discutir o tema. De início, abordei o tema dos<br />
estudos sobre comunidades a partir da pesquisa<br />
socioantropológica tratada no livro organizado por<br />
Donald Pierson, Ecologia humana, em que esse<br />
importante sociólogo norte-americano selecionou<br />
os principais trabalhos dos componentes da conhecida<br />
Escola de Chicago para implantar, no Brasil,<br />
em São Paulo, o curso de Sociologia.<br />
Embora a disciplina Desenvolvimento de Comunidades<br />
não tivesse e nem tenha ainda créditos<br />
práticos, pareceu-me, já nessa época, um contrassenso<br />
e uma perda de tempo dedicar a ela um<br />
semestre, com os alunos debruçados sobre livros<br />
que estudam a pobreza, a organização comunitária e<br />
estratégias de desenvolvimento, mas sem experiência<br />
alguma de trabalho nesses bairros carentes, sem<br />
contato com associações de moradores e os projetos<br />
que estas desenvolvem. No curso de Nutrição já<br />
eram ministradas as disciplinas de Antropologia<br />
e Sociologia, sendo eu também professor dessa<br />
última, acostumado a enviar os alunos para esses<br />
bairros a fim de fazer estudos de campo aligeirados<br />
e apresentá-los em seminários na terceira e última<br />
unidade do semestre. Essa orientação metodológica<br />
deixava-me inquieto e insatisfeito com os<br />
resultados.<br />
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