Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário
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n e a D e S p e C i a l<br />
no acesso ao merca<strong>do</strong>, na luta pelo estabelecimento da Lei Babaçu Livre e pela<br />
sua implementação, e como essas transformações mudaram ou não suas vidas na<br />
esfera privada, como esposas, separadas, viúvas, mães, mas acima de tu<strong>do</strong> como<br />
mulheres sujeitos de direitos.<br />
Do coco livre ao coco preso: mudanças nas<br />
estratégias de produção e reprodução da s<br />
quebradeiras de coco babaçu e de suas fa mílias<br />
Em finais <strong>do</strong> século XIX, a abolição da escravatura, com a conseqüente libertação<br />
<strong>do</strong>s escravos, contribuiu para a formação e ampliação de algumas comunidades<br />
quilombolas no Maranhão. É nesse perío<strong>do</strong> que tem início e se consolida<br />
a pequena produção familiar realizada por ex-escravos, pelos chama<strong>do</strong>s caboclos,<br />
mora<strong>do</strong>res de latifúndios e, sobretu<strong>do</strong>, por ocupantes de novas áreas, provenientes<br />
<strong>do</strong> Nordeste.<br />
O Maranhão é visto no início <strong>do</strong> século XX como o “novo El Dora<strong>do</strong>.”2 A região<br />
<strong>do</strong> Mearim começa a receber seus ocupantes nas três primeiras décadas desse<br />
século, quan<strong>do</strong> o fluxo de imigração é ainda pequeno e tem como destino os vales<br />
<strong>do</strong>s grandes rios (Parnaíba, Itapecuru, Mearim e Pindaré). O processo migratório<br />
tem seu pico entre as décadas de 1950 e 1960, se expandin<strong>do</strong> até 1970.<br />
Substituin<strong>do</strong> a monocultura exporta<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> algodão que entra em decadência<br />
no final <strong>do</strong> século XIX, a produção de arroz, feijão, mandioca e milho, entre<br />
outros produtos alimentares, realizada pelos ex-escravos e migrantes nordestinos<br />
constitui-se no “principal sustentáculo” da economia maranhense no início <strong>do</strong><br />
século XX. Em 1950, a atividade de comercialização <strong>do</strong> arroz toma força, São Luís<br />
transforma-se num pólo de distribuição de arroz para os centros urbanos nordestinos<br />
e <strong>do</strong> sudeste. Os intermediários e usineiros <strong>do</strong> arroz iniciam nesse perío<strong>do</strong><br />
um processo de investimento em terra e ga<strong>do</strong> como forma de reserva de valor.<br />
Por seu la<strong>do</strong>, o coco babaçu começa a ser utiliza<strong>do</strong> para fins industriais a partir<br />
da I Guerra Mundial, atingin<strong>do</strong> um momento de expansão de sua utilização<br />
no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> pós-guerra, com a instalação da indústria de beneficiamento<br />
no Maranhão e em áreas próximas, como Piauí e Ceará. Expansão que se<br />
intensifica até aos anos 1970, garantin<strong>do</strong> a demanda por coco de babaçu, assim<br />
como a sua valorização econômica. A valorização da atividade, por sua vez, atrai<br />
2 Mesquita, B. a. a crise da economia <strong>do</strong> babaçu no Maranhão. revista políticas públicas, v. 2,<br />
n. 2, julho a dezembro de 996, pp. 6 - 6.<br />
Feitosa, r. M. M. o processo socioeconômico <strong>do</strong> Maranhão. Dissertação de mestra<strong>do</strong>. universidade<br />
Federal <strong>do</strong> pará, núcleo de altos estu<strong>do</strong>s amazônicos, Curso internacional de<br />
Mestra<strong>do</strong> em planejamento <strong>do</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>: Belém, 99 .