Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário
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M a r g a r i D a a l V e S : C o l e t â n e a S o B r e e S t u D o S r u r a i S e g ê n e r o<br />
refletin<strong>do</strong>, organizan<strong>do</strong> e se forman<strong>do</strong>) e com as comunidades (acompanhan<strong>do</strong> as<br />
pessoas que precisam de apoio e atendimento, com a “farmacinha” , conversan<strong>do</strong>,<br />
escutan<strong>do</strong>, participan<strong>do</strong> da vida comunitária,...).<br />
Além disso, desenvolvem to<strong>do</strong> um processo de formação, organização e conscientização<br />
das mulheres e realizam uma série de ações, lutas e mobilizações de<br />
enfrentamento das questões específicas que dizem respeito à saúde da mulher<br />
e da família rural, assim como, junto com outras organizações nas demais lutas<br />
por melhores condições de vida e saúde, enfrentam o próprio sistema capitalista.<br />
Nesse processo de organização, formação, luta e desenvolvimento de experiências<br />
de promoção à saúde da mulher e família rural, as mulheres camponesas vinculadas<br />
ao MMC estabelecem uma relação entre a saúde e a previdência, como diz<br />
uma das entrevistadas:<br />
O tripé da Seguridade Social, a saúde, a previdência e a assistência social, nos mostram a<br />
grande relação que deve existir para que as pessoas possam viver com segurança e felizes.<br />
Por isso, devem ser públicas, de caráter universal e de qualidade garantidas mediante um<br />
conjunto de outras políticas. (Entrevista com H. A. A., 2003).<br />
Esse trabalho tem uma relação muito forte com o cotidiano de vida das<br />
mulheres e famílias camponesas, como já foi aborda<strong>do</strong>, e com a dimensão da<br />
fé e da espiritualidade, que é muito forte na cultura das famílias camponesas.<br />
Os símbolos e os rituais religiosos liga<strong>do</strong>s à vida e à saúde são ressignifica<strong>do</strong>s a<br />
partir da mística liberta<strong>do</strong>ra, ganhan<strong>do</strong> um senti<strong>do</strong> mais profun<strong>do</strong> e encarna<strong>do</strong><br />
no cotidiano das mulheres.<br />
Nesse processo, as mulheres enfrentam muitas dificuldades no desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> seu trabalho; mostram as dificuldades que às vezes enfrentam em socializar<br />
o que aprendem, as distâncias para poderem participar, a condição de<br />
empobrecimento e de o público no meio rural ser praticamente constituí<strong>do</strong> de<br />
i<strong>do</strong>sos. As mulheres têm clareza de que o maior empecilho para se organizar são<br />
as armadilhas que o sistema impõe, impedin<strong>do</strong> que os pobres e as mulheres se<br />
organizem e cuidem de si e de sua saúde.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, essa práxis já vem produzin<strong>do</strong> um conjunto de resulta<strong>do</strong>s no cotidiano<br />
de vida das mulheres que denota sinais vagarosos, mas firmes, de mudança.<br />
Dentre os vários aspectos apresenta<strong>do</strong>s pelas mulheres, podemos destacar:<br />
•<br />
a conquista de direitos, como o reconhecimento da profissão, a aposenta<strong>do</strong>ria,<br />
o salário-maternidade, saúde, alfabetização e <strong>do</strong>cumentação para as mulheres,<br />
entre outros que já foram aborda<strong>do</strong>s anteriormente nas conquistas. O que chama<br />
a atenção é que todas as mulheres entendem o movimento como instrumento de<br />
luta que garantiu, por meio de mobilizações, esses resulta<strong>do</strong>s, os quais incidiram<br />
positivamente sobre suas vidas;<br />
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