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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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M a r g a r i D a a l V e S : C o l e t â n e a S o B r e e S t u D o S r u r a i S e g ê n e r o<br />

ao poder público exigin<strong>do</strong> atendimento à saúde, implantação <strong>do</strong> SUS; outros,<br />

ainda, desenvolvem práticas de atenção à saúde junto a populações de risco e com<br />

dificuldades de acesso. Há organizações que priorizam uma forma de atuação em<br />

relação à outra, entretanto, há outras que procuram uma ação articulada entre<br />

essas várias formas de agir em saúde.<br />

Como referência concreta desta reflexão é a práxis desenvolvida pelas mulheres<br />

trabalha<strong>do</strong>ras rurais organizadas no Movimento de Mulheres Camponesas,<br />

por ser uma organização de identidade camponesa e feminista e ter como uma<br />

das lutas centrais a da saúde, que é desenvolvida em <strong>do</strong>is eixos: o eixo da luta<br />

pelo acesso à saúde através da defesa e implantação <strong>do</strong> SUS com controle social<br />

e participação popular e o eixo da promoção da saúde da mulher e da família<br />

camponesa. A articulação entre esses <strong>do</strong>is eixos no cotidiano possibilita a identificação<br />

das potencialidades e <strong>do</strong>s limites da própria luta popular em saúde, ao<br />

mesmo tempo em que revela elementos que constituem concepções e práticas de<br />

atenção e cuida<strong>do</strong>s em saúde na perspectiva da integralidade.<br />

Por isso, ao analisar essas práticas de saúde percebemos um conjunto de elementos<br />

revela<strong>do</strong>res de uma nova forma de fazer e pensar a saúde, extraí<strong>do</strong>s das<br />

práticas populares de saúde, especialmente das desenvolvidas pelas mulheres<br />

camponesas organizadas num movimento social popular. Os traços e as características<br />

que emergem dessa práxis trazem os determinantes da realidade que as<br />

camponesas vivenciam, inseridas num determina<strong>do</strong> contexto histórico e que se<br />

desenvolve dentro da cultura e <strong>do</strong>s traços característicos das mulheres trabalha<strong>do</strong>ras<br />

rurais. Nesse senti<strong>do</strong>, podemos identificar a construção de uma concepção<br />

de saúde muito singular, ao mesmo tempo em que tem incorpora<strong>do</strong> os aspectos<br />

da visão de saúde formulada na 8ª Conferência Nacional de Saúde e preconizada<br />

na Constituição Federal em 1988.<br />

É uma concepção de saúde como direito de to<strong>do</strong>s e com eqüidade aos mais<br />

pobres, populações vulneráveis e porta<strong>do</strong>res de direitos especiais. Permeada pelo<br />

eixo da defesa da vida, a saúde integral expressa-se no ser integral e no ser mulher,<br />

como afirma uma das entrevistadas:<br />

Nós sempre trabalhamos a saúde como um direito e, principalmente, para os mais po-<br />

bres que não conseguem nada. A gente acompanha e atende com o que a gente conhece<br />

e sabe, mas a gente sempre luta pelo SUS, porque nós precisamos ver isso funcionan<strong>do</strong>.<br />

(Entrevista com H.L.B.,2003).<br />

As mulheres afirmam a saúde como direito de to<strong>do</strong>s que se expressa no grito:<br />

“Saúde não é negócio, é um direito nosso!”. Entendem esse direito como fundamental<br />

de to<strong>do</strong> ser humano e que, como tal, não pode ser visto na lógica mercantil de<br />

compra e venda. Uma das entrevistadas afirma:<br />

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