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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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M a r g a r i D a a l V e S : C o l e t â n e a S o B r e e S t u D o S r u r a i S e g ê n e r o<br />

a organização <strong>do</strong>s Encontros de Esposas. Em torno desse trabalho com as mulheres<br />

aproximaram-se várias integrantes dessa instituição e alguns profissionais liberais<br />

residentes na região. Discutia-se nesses encontros, saúde da mulher, planejamento<br />

familiar e pobreza. Esses encontros se entenderam para Sobral e foram sen<strong>do</strong><br />

amplia<strong>do</strong>s para mulheres solteiras.<br />

As assessoras <strong>do</strong> Cetra foram buscar referências de trabalhos com mulheres<br />

rurais e encontrou contatos na Paraíba e em Pernambuco, aos quais se articulou,<br />

inicialmente para trocar experiências e ampliar sua capacidade para esse trabalho<br />

político organizativo com mulheres rurais. Em 1986 foi cria<strong>do</strong> no Ceará o Movimento<br />

de Mulheres Trabalha<strong>do</strong>ras Rurais <strong>do</strong> Ceará, na mesma perspectiva <strong>do</strong>s<br />

que estavam sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong>s na Paraíba, Pernambuco, Piauí, Bahia e outros<br />

Esta<strong>do</strong>s nordestinos.<br />

Paralelamente a esse processo, outro foi acontecen<strong>do</strong>, cujo resulta<strong>do</strong> vai ser<br />

a criação <strong>do</strong> Coletivo Estadual de Mulheres da Federação <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res<br />

na Agricultura <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará (Fetraece). O Coletivo teve como território<br />

privilegia<strong>do</strong> as instâncias formais <strong>do</strong> movimento sindical rural, como efeito da<br />

organização das mulheres e <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res rurais no interior da Central Única<br />

<strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res (CUT), e na área de atuação <strong>do</strong> Esplar. Dentro da CUT existia<br />

o Departamento Estadual de Trabalha<strong>do</strong>res Rurais, forma<strong>do</strong> por sindicalistas<br />

de esquerda que faziam oposição à diretoria pelega da Fetraece, cuja visão de<br />

democracia envolvia a inclusão das mulheres e sua igualdade de direitos. Em<br />

1991 esse departamento realiza o I Encontro Estadual de Mulheres Trabalha<strong>do</strong>ras<br />

Rurais quan<strong>do</strong> foi criada a Comissão de Mulheres <strong>do</strong> DETR-Ce. Esse processo<br />

se remete a uma organização de mulheres nos sindicatos de trabalha<strong>do</strong>res rurais<br />

<strong>do</strong>s municípios de Madalena e Canindé, que em 1990 já haviam forma<strong>do</strong> uma<br />

Comissão de Mulheres.<br />

Em 1992 o grupo de sindicalistas <strong>do</strong> DETR-CE, ganha as eleições da Fetraece,<br />

e em fevereiro de 1993 a Comissão de Mulheres é transformada no Coletivo Estadual<br />

de Mulheres da Fetraece.<br />

A presença das ONGs nessa história indica a formatação de um outro discurso<br />

e práticas articuladas com as trabalha<strong>do</strong>ras rurais demandan<strong>do</strong> a sua inclusão no<br />

espaço social e político. A atuação das ONGs na formação das organizações de<br />

mulheres trabalha<strong>do</strong>ras rurais se dá num contexto mais amplo, de relações internacionais<br />

de cooperação entre mulheres. No Brasil, relacionava-se ao crescimento<br />

<strong>do</strong> feminismo e de uma consciência sobre as condições de desigualdade social,<br />

política e econômica das mulheres brasileiras. As assessoras foram se forman<strong>do</strong><br />

como assessoras de um trabalho específico com mulheres na medida em que os<br />

próprios movimentos de mulheres iam se constituin<strong>do</strong>. Uma assessora confessou<br />

que aprendeu sobre a questão da mulher com o trabalho que realizava junto às<br />

trabalha<strong>do</strong>ras rurais.<br />

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