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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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2<br />

n e a D e S p e C i a l<br />

fazer tu<strong>do</strong> isto, achava que não podia ir ao comércio vender sua própria produção<br />

e fazer compras de suas necessidades.<br />

Aos poucos, as mulheres foram perceben<strong>do</strong> que seu trabalho era importante<br />

na luta pela terra e que estavam à frente, deven<strong>do</strong> participar <strong>do</strong> espaço público,<br />

não só <strong>do</strong> priva<strong>do</strong>. Foi quan<strong>do</strong> começaram a abrir os olhos e encarar a luta de<br />

reivindicações, até nos espaços onde os mari<strong>do</strong>s faziam parte, por exemplo, na<br />

associação de trabalha<strong>do</strong>res rurais nos assentamentos. E nós começamos a discutir<br />

a nossa identidade.<br />

Falas de outras mulheres<br />

Rosane Ribeiro C. <strong>do</strong>s Santos – Assentamento Meu Rancho, Pureza-RN:<br />

Ver a agricultura familiar como uma grande mudança e conquista e que estamos dis-<br />

cutin<strong>do</strong> em família sobre os seguintes temas: Melhorar a renda da nossa família e tra-<br />

balhar uma perspectiva de igualdade de gênero, a auto-estima das mulheres, discutir a<br />

responsabilidade de cada pessoa da família, dividir a renda entre os membros da família<br />

É a nossa luta que estamos enfrentan<strong>do</strong>, mas precisa de ter mais discussão, porque em<br />

algumas comunidades as mulheres não vêem como luta delas; às vezes, nós que lutamos<br />

não estamos preocupadas em registrar nossa própria história.<br />

Nazaré Flor – Assentamento Maceió, Itapipoca-CE:<br />

A agricultura familiar, eu vejo como base alimentar e econômica, da maior parte das<br />

famílias da zona rural. É ainda responsável pela maioria da produção agrícola <strong>do</strong> Brasil.<br />

Embora, diante de todas as vantagens que percebo, vejo também que agricultura<br />

familiar é desvalorizada e até mesmo desconhecida pela sociedade, principalmente pelos<br />

grandes grupos capitalistas que só visam o lucro, a concentração das terras e as riquezas<br />

<strong>do</strong> nosso Brasil.<br />

O feminismo nada significava para nós e não sabíamos nem o que era gênero.<br />

Achávamos que era gênero alimentício: arroz, feijão e então começamos<br />

a nos educar.<br />

Quan<strong>do</strong> percebemos que isso não estava certo, tivemos que lutar muito<br />

para acabar com a cultura <strong>do</strong>s homens, pois só eles podiam vender e comprar<br />

a produção.<br />

Somos os homens da casa e por isso temos que ser os responsáveis. Onde<br />

ficavam as mulheres? Às vezes não tinha nem com quem conversar sobre sua<br />

situação. Era tu<strong>do</strong> natural. As mulheres eram as coitadinhas que não sabiam de<br />

nada, tinham de ficar em casa e dar conta de comida para as crianças e ainda<br />

cuidar da casa, da educação <strong>do</strong>s filhos, da roça.

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