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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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M a r g a r i D a a l V e S : C o l e t â n e a S o B r e e S t u D o S r u r a i S e g ê n e r o<br />

palmeiras. Na nova versão, o espaço máximo permiti<strong>do</strong> entre as palmeiras era de<br />

oito metros. Os trabalha<strong>do</strong>res rurais alegaram que precisavam de um mínimo de<br />

16 metros entre as palmeiras para fazer o consórcio com a agricultura.<br />

Esse era (e ainda é) um ponto de tensão interna para as famílias agroextrativistas.<br />

Trabalho da mulher versus o trabalho <strong>do</strong> homem: Qual vale mais? Qual contribui<br />

mais para a economia familiar? Qual será privilegia<strong>do</strong> na ocupação da terra?<br />

Por causa da lei a discussão foi trazida para a esfera pública, contribuin<strong>do</strong><br />

assim no processo de empoderamento das mulheres quebradeiras de coco – um<br />

problema individual transformou-se num problema coletivo.<br />

A discussão chegou a um consenso com a proposta <strong>do</strong> texto de ‘deixar pelo<br />

menos 60 palmeiras adultas e 60 palmeiras jovens por hectare, distribuídas de<br />

forma a evitar a concentração de árvores numa só área’. Proposta que é também<br />

benéfica para as palmeiras e para as quebradeiras, uma vez que sem a preservação<br />

das árvores jovens a sustentabilidade da atividade extrativa <strong>do</strong> babaçu estaria<br />

ameaçada: à medida que as palmeiras adultas envelhecessem e morressem, caso<br />

não houvesse palmeiras novas para substituí-las, a espécie entraria em extinção.<br />

Esse consenso pode ser visto como o culminar de to<strong>do</strong> um trabalho realiza<strong>do</strong><br />

pela Assema desde 1989, <strong>do</strong> qual se destacam cinco pilares: a) educação <strong>do</strong>s<br />

agricultores(as) para a não utilização de estratégias tradicionais de corte e fogo,<br />

através de experiências demonstrativas de transição para o modelo de produção<br />

agroecológica que não utiliza agrotóxicos nem fogo, aproveitan<strong>do</strong> ao máximo as<br />

condições naturais <strong>do</strong> ecossistema; b) demonstrar a viabilidade <strong>do</strong> consórcio de<br />

palmeiras de babaçu com a produção agrícola, com aumento da produtividade; c)<br />

desenvolver atividades gera<strong>do</strong>ras de renda baseadas no aproveitamento integral<br />

<strong>do</strong> coco babaçu (óleo, sabão, mesocarpo, carvão vegetal e papel recicla<strong>do</strong> com<br />

fibra de babaçu); d) dar visibilidade às atividades econômicas das mulheres e à<br />

sua contribuição para a economia familiar; e) mobilizar e organizar as mulheres<br />

na luta pelo livre acesso e proteção das palmeiras de babaçu.<br />

Após o consenso a luta dirigiu-se ao espaço institucional da Câmara <strong>do</strong>s Verea<strong>do</strong>res.<br />

No dia 31 de maio de 2002, o projeto da nova lei deu entrada na agenda<br />

da Câmara Municipal, onde ficou tramitan<strong>do</strong> até junho. Nesse perío<strong>do</strong> a lei foi<br />

discutida e justificada na Comissão de Justificação e Justiça.<br />

Defendemos a nossa lei perante tendências que não pensam em sistemas coletivos, mas<br />

em sistemas individuais de lucro. Os próprios colegas verea<strong>do</strong>res estavam pensan<strong>do</strong> que<br />

estava ten<strong>do</strong> outro objetivo. Estávamos em Pedreiras olhan<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> e vimos isso. Fo-<br />

mos na mesma noite para o Lago <strong>do</strong> Junco. (Maria Alaídes, 2002)<br />

A comissão que analisava a lei, composta por alguns latifundiários da região,<br />

queria alterar parte <strong>do</strong>s artigos apresenta<strong>do</strong>s pelas quebradeiras, tornan<strong>do</strong> a lei<br />

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