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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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320<br />

n e a D e S p e C i a l<br />

tra um conteú<strong>do</strong> fecun<strong>do</strong> de histórias amorosas, ilusões, desilusões, traições, mas<br />

sempre algo para se contar.<br />

Com efeito, as festas mobilizam os jovens, os adultos, mas principalmente<br />

aqueles que desejam encontrar futuros mari<strong>do</strong>s e esposas ou, pelo menos, um<br />

namoro para compromisso. Estes são sonhos, mas enquanto eles não acontecem<br />

ou na busca de que eles aconteçam, os jovens querem circular e conhecer quantos<br />

puderem, principalmente se forem de fora, de outros distritos ou comunidades.2<br />

Uma vez que namorar ou casar-se com alguém de fora pode ser motivo de prestígio,<br />

principalmente se acarretar ascensão social e representar modernidade<br />

(Motta; Pereira, 2002) Os jovens entrevista<strong>do</strong>s de comunidades rurais não<br />

mencionaram sobre a exigência de se casar com moça da própria comunidade,<br />

mas sim com alguém de quem se goste, pois preferem “ouvir o coração.”<br />

Antigamente não era assim…<br />

Para as moças, sobretu<strong>do</strong> as que vivem ou vêm das comunidades rurais, quan<strong>do</strong><br />

um namoro está se tornan<strong>do</strong> público, é sinal de que há intenção de união e, por<br />

isso, muitas vezes, manter relações sexuais antes <strong>do</strong> casamento pode ser permiti<strong>do</strong><br />

ou tolera<strong>do</strong>. Entre essas moças é mais freqüente se enamorarem de um rapaz mais<br />

velho (em média a diferença é de quatro anos para mais) e em seguida assumirem<br />

uma união, amigar. Como no depoimento de uma jovem [16 anos, grávida, 1 o ciclo<br />

<strong>do</strong> ensino fundamental incompleto]: “Aí, eu namorei com um cara e ele queria<br />

amigar. Nós amigou. Ele falou com a mãe. (…) Aí, quan<strong>do</strong> ele chegou, eu já quis<br />

ele. (…) Ah, ele morava aqui perto mesmo, né. Aí, ele ia lá em casa e a gente conversava.<br />

Aí…Aí, ele passou a gostar de mim e eu dele. Aí nós amigou.”<br />

Há moças cuja trajetória é de mobilização que visa realizar o projeto <strong>do</strong> casamento,<br />

como no depoimento da jovem [16 anos] que ao completar 12 anos<br />

começou a trabalhar nas roças de outros mora<strong>do</strong>res da comunidade, realizan<strong>do</strong><br />

serviços de capina.26 O dinheiro que esta moça ganhava, “comprava vasilhas” para<br />

o seu enxoval. Ao lhe perguntar sobre seus estu<strong>do</strong>s, contou-me que desistiu <strong>do</strong>s<br />

estu<strong>do</strong>s, assim que concluiu o 1 o ciclo <strong>do</strong> ensino fundamental e que tal aban<strong>do</strong>no2<br />

25 pois, se há um namoro com alguém que se foi e retornou, sabe-se da família da qual este ou<br />

esta descende e nisso há um pré-julgamento <strong>do</strong> jovem. aos olhos <strong>do</strong>s pais, este pré-julgamento<br />

é o mais desejável, principalmente se forem das comunidades rurais, mas é o que tem<br />

menor importância para os jovens que estão nos núcleos urbanos da sede ou <strong>do</strong>s distritos.<br />

26 trabalho de limpar o terreno.<br />

2 procurei saber o motivo e ela alegou que a distância de sua casa até o local onde passa o<br />

ônibus escolar é longa, caminha-se em torno de uma hora e meia, mais ou menos.

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