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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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2<br />

n e a D e S p e C i a l<br />

Pensar a liberdade como fundamento <strong>do</strong> desenvolvimento e pensá-la de<br />

forma substantiva e não apenas como garantia formal constitucional, significa,<br />

por exemplo, assegurar o direito a uma vida longa às pessoas. Sen chama<br />

a atenção para o fato de que os indica<strong>do</strong>res econômicos de um país podem<br />

obscurecer este direito a longevidade. Evidencia tal fato, afirman<strong>do</strong> que os cidadãos<br />

<strong>do</strong> Gabão, na África Central, os da África <strong>do</strong> Sul, os da Namíbia, na<br />

África, e os <strong>do</strong> Brasil podem ser muito mais ricos em termos de PIB <strong>do</strong> que os<br />

<strong>do</strong> Sri Lanka, da China ou <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Kerala, na Índia, mas nestes últimos<br />

as pessoas têm expectativas de vida mais elevadas que no primeiro. Também<br />

nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, é importante reconhecer que os afro-americanos têm uma<br />

chance absolutamente menor de chegar à idade madura <strong>do</strong> que as pessoas que<br />

vivem em muitas sociedades <strong>do</strong> Terceiro Mun<strong>do</strong>, como a China, Sri Lanka ou<br />

partes da Índia. Além de destacar a longevidade como uma liberdade substantiva<br />

e condição que deve ser levada em conta nas análises de desenvolvimento social,<br />

Sen, destaca, também, a democracia, a imprensa livre, o acesso à educação, a<br />

igualdade de gênero no acesso aos bens sociais, como condições fundamentais<br />

para se pensar o desenvolvimento. Dentro desta perspectiva, de desenvolvimento<br />

como liberdade, de Amartya Sen, fica claro o quanto o paradigma teórico em<br />

torno <strong>do</strong> desenvolvimento, se afastou <strong>do</strong> modelo de variáveis econômicas, como<br />

PIB, renda per capita, industrialização e modernização. No próximo tópico<br />

veremos como esta mudança paradigmática se efetivou nos discursos políticos<br />

pró-desenvolvimento sustentável.<br />

Gênero e desenvolvimento: a crítica feminista e<br />

ambiental ao modelo hegemônico de desenvolv imento<br />

A ênfase desde o final <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong> na necessidade de um desenvolvimento<br />

sustenta<strong>do</strong> está claramente relacionada à preocupação com o meio ambiente.<br />

Contu<strong>do</strong>, não apenas os limites ambientais estão em questão, mas também um<br />

novo paradigma para o desenvolvimento que leve em conta a necessidade de<br />

emprego e renda e que proporcione bem-estar às populações. Para se atingir tal<br />

meta, seria necessário, se levar em consideração que a perspectiva de desenvolvimento<br />

sustentável implica, sobretu<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> Wilkinson (1997), conceitos<br />

alternativos de tempo e espaço cuja internalização tem como custo implicações<br />

radicais para a organização das atividades produtivas. Isto aponta para uma opção<br />

política de desenvolvimento. Para Wilkinson, o merca<strong>do</strong>, a estrutura de preços,<br />

a reversibilidade ou irreversibilidade tecnológica é conseqüência e não a origem<br />

<strong>do</strong>s arranjos institucionais. Quer dizer, é a atividade econômica que se integra

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