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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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M a r g a r i D a a l V e S : C o l e t â n e a S o B r e e S t u D o S r u r a i S e g ê n e r o<br />

anos no assentamento, lembra<strong>do</strong> como de intenso trabalho para to<strong>do</strong>s – aos<br />

poucos as filhas se afastaram <strong>do</strong> trabalho cotidiano <strong>do</strong> lote na produção agropecuária.<br />

Alia<strong>do</strong> a essa distinção na demanda <strong>do</strong> trabalho de filhos homens e<br />

mulheres, o direito ou incentivo de filhos homens terem um pedaço seu, pode<br />

ser li<strong>do</strong> como parte <strong>do</strong> processo de formação para o trabalho na roça, e, como<br />

veremos, da preparação de futuros sucessores. Essa “criação” diferenciada pode<br />

ser uma das razões de hoje só se encontrar filhos homens trabalhan<strong>do</strong> com<br />

regularidade nos lotes.<br />

Apesar, <strong>do</strong> que poderíamos classificar como um maior envolvimento desses<br />

“jovens,” mais uma vez percebeu-se um momento de ruptura, que apareceu nos<br />

discursos <strong>do</strong>s mesmos, associa<strong>do</strong> ao processo de autonomia de escolhas atribuí<strong>do</strong><br />

a partir <strong>do</strong> processo de se deixar de ser criança. Isto é, aqueles que afirmam<br />

não gostar <strong>do</strong> trabalho na lavoura (principalmente mulheres) disseram que<br />

aos poucos, conforme foram fican<strong>do</strong> mais velhos pararam de trabalhar. Esse<br />

momento é muito associa<strong>do</strong> à mudança de escola a partir <strong>do</strong> ginásio (5ª série<br />

<strong>do</strong> ensino fundamental), quan<strong>do</strong> passam a estudar mais longe <strong>do</strong> assentamento.<br />

Os próprios pais consideram que o esforço de ir e voltar da escola é muito cansativo<br />

e por isso não cobram que trabalhem de forma mais contínua nos lotes.<br />

Mesmo assim, muitos filhos homens mantêm a rotina <strong>do</strong> trabalho diário, ao<br />

passo que as filhas aos poucos param completamente. Mas essa relação entre<br />

“criação” e interesse pelo lote também não é linear, assim temos exceções que<br />

contribuem para percebermos as diferentes nuances das atitudes com o lote.<br />

Esse é o caso <strong>do</strong> Antônio, 14 anos; apesar da intensa participação no lote com<br />

os pais e de trabalhar com a mãe na comercialização <strong>do</strong>s produtos de porta em<br />

porta, ele afirmou detestar a roça, mas gosta de cuidar da casa e ajuda a mãe<br />

com os afazeres <strong>do</strong>mésticos.<br />

Se a relação com o trabalho no lote está marcada por esses processos de continuidades<br />

e rupturas, há outros elos que alinhavam a relação <strong>do</strong>s “jovens” com os<br />

lotes/sítios, e contribuem para a construção de identidades rurais ou identidades<br />

que aproximam referências urbanas e rurais.<br />

Construções da identidade rural: ser da roça, ga<strong>do</strong>,<br />

mor ar bem e mor ar mal, e outras identificações<br />

O principal produto da região é o aipim, mas em muitos casos, além da diversificação<br />

de produtos agrícolas, existe a criação de pequenos animais (galinhas<br />

e porcos) e a criação de ga<strong>do</strong>. O ga<strong>do</strong> aparece como uma atividade masculina,<br />

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