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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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3<br />

n e a D e S p e C i a l<br />

O discurso e a prática das ONGs integra-se com o discurso e a prática acadêmica<br />

no senti<strong>do</strong> de compor um grupo produtor de um discurso institucional<br />

sobre as trabalha<strong>do</strong>ras rurais demandan<strong>do</strong> a sua inclusão no espaço público. São<br />

vozes competentes que instauram condições para a legitimação e reconhecimento<br />

público das mulheres e que vão também se estabelecen<strong>do</strong> para criarem um saber<br />

e uma prática junto a esse grupo, numa constituição simultânea. É no encontro<br />

entre si que se produzem, se constroem.<br />

Esse aspecto institucional da construção das mulheres trabalha<strong>do</strong>ras rurais<br />

compreende também a formalização das suas próprias organizações específicas<br />

e de seu reconhecimento legal como trabalha<strong>do</strong>ras rurais.<br />

O Coletivo e o MMTR vinculam-se a organizações em nível nacional, como a<br />

Comissão de Mulheres Trabalha<strong>do</strong>ras Rurais da Contag e a Articulação Nacional<br />

de Mulheres Trabalha<strong>do</strong>ras Rurais, respectivamente.<br />

Essa institucionalidade também envolve toda a luta das próprias trabalha<strong>do</strong>ras<br />

rurais que configuradas como categoria específica atuam em busca <strong>do</strong> seu<br />

reconhecimento profissional, que se exprime, sobretu<strong>do</strong>, por meio da campanha<br />

pela <strong>do</strong>cumentação Nenhuma trabalha<strong>do</strong>ra rural sem <strong>do</strong>cumentos implementada<br />

em 1996. É preciso que o Esta<strong>do</strong> legitime a sua condição inscreven<strong>do</strong>-as<br />

como trabalha<strong>do</strong>ras rurais nas suas instancias burocráticas. Ter essa inscrição e<br />

aposentar-se como tal é uma grande conquista para as mulheres trabalha<strong>do</strong>ras<br />

rurais. Essa campanha continua em curso, sen<strong>do</strong> uma estratégia importante de<br />

mobilização e conscientização interna e externa a esse grupo.<br />

Em cena: construin<strong>do</strong> a existência pública<br />

Um movimento social não acontece apenas pela existência orgânica de um grupo,<br />

mas também por sua capacidade de poder ser visto e ouvi<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s, de<br />

aparecer publicamente.<br />

Aparecer é estar presente no mun<strong>do</strong> e inscrever a sua diferença diante de<br />

outros. E assim encontramos a experiência singular das mulheres trabalha<strong>do</strong>ras<br />

rurais pela qual se fazem e se apresentam como tais.<br />

Essa experiência não se explica apenas pela posição estrutural de um grupo<br />

como algo que sempre esteve lá para ser descrita mas uma experiência historicizada<br />

e neste caso também produzida e exercida coletivamente, vivida, interpretada<br />

e narrada, feita na medida em que faz as suas próprias agentes.<br />

Na medida em que participam de um movimento e realizam suas manifestações<br />

públicas, vivem experiências pessoais e coletivas que são base para sua<br />

identidade, crian<strong>do</strong> formas de representação e apresentação, instituin<strong>do</strong> um lugar<br />

feminino no território <strong>do</strong> movimento sindical rural. Dessa maneira emergem no<br />

campo político e social brasileiro como um grupo organiza<strong>do</strong>, lutan<strong>do</strong> por direitos

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