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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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3<br />

n e a D e S p e C i a l<br />

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a subestimação <strong>do</strong> trabalho feminino pelos indica<strong>do</strong>res utiliza<strong>do</strong>s nas pesquisas<br />

censitárias (mulher de produtor, MNRF, a não inclusão da produção de fun<strong>do</strong> de<br />

quintal – criação de pequenos animais, hortas, pomar, plantas medicinais);<br />

o caráter de ajuda ou complemento ao trabalho masculino, atribuí<strong>do</strong> ao trabalho<br />

feminino, presente não somente na zona rural mas em toda a sociedade;<br />

a não inclusão das atividades femininas das políticas de incentivo à produção rural,<br />

crédito, subsídio e mesmo <strong>do</strong>s programas de reforma agrária;<br />

evidenciam o aumento <strong>do</strong> trabalho feminino no campo e as novas posições que<br />

este assume a partir das mudanças introduzidas pela expansão das relações capitalistas<br />

no campo que individualizaram a força de trabalho das mulheres intensifican<strong>do</strong><br />

a sua exploração.<br />

Os estu<strong>do</strong>s acadêmicos estão também presentes no cotidiano <strong>do</strong>s movimentos<br />

das mulheres trabalha<strong>do</strong>ras rurais, como textos que subsidiam as discussões<br />

sobre suas condições de vida e de trabalho. Além disso, existe a participação<br />

direta, física, das pesquisa<strong>do</strong>ras na condição de colabora<strong>do</strong>ras e assessoras nos<br />

eventos que estes movimentos realizam. Assim, o discurso acadêmico sobre as<br />

mulheres trabalha<strong>do</strong>ras rurais tem si<strong>do</strong> uma de suas condições de produção,<br />

uma maneira de fazer a sua existência. Essa capacidade <strong>do</strong> dizer é vista por<br />

Certeau (1996) como um “saber – dizer,” cuja narrativação das práticas é uma<br />

maneira textual de fazer. A produção acadêmica sobre as mulheres rurais de<br />

um la<strong>do</strong> re-escreve e re-inscreve essas mulheres no mun<strong>do</strong> social, porque como<br />

discurso competente, fala autorizada, lhe é permiti<strong>do</strong> apresentar uma outra<br />

visão <strong>do</strong> real.<br />

No âmbito das assessorias, o encontro com a realidade das mulheres é mais<br />

direto. Seja em nível nacional ou estadual, a história <strong>do</strong> surgimento das organizações<br />

de mulheres trabalha<strong>do</strong>ras rurais está ligada a atuação de ONGs e pastorais.<br />

No Ceará essa matriz articulista está nos interstícios <strong>do</strong> movimento sindical, da<br />

igreja católica e da atuação <strong>do</strong> Centro de Estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Trabalho e Assessoria ao<br />

Trabalha<strong>do</strong>r (Cetra) e <strong>do</strong> Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar),junto aos locais<br />

onde surgiram os primeiros grupos organiza<strong>do</strong>s de mulheres trabalha<strong>do</strong>ras<br />

rurais, nos anos 1980.<br />

O primeiro grupo <strong>do</strong> MMTR-CE se formou na região de Itapipoca. Nessa<br />

área a igreja tinha um trabalho de organização <strong>do</strong>s agricultores em torno da luta<br />

pela terra e da celebração <strong>do</strong> Dia <strong>do</strong> Senhor, <strong>do</strong> qual só participavam homens.<br />

O Cetra também estava presente nessa região com uma atuação voltada para a<br />

renovação <strong>do</strong> sindicalismo e a luta pela terra. Diante de uma pequena presença<br />

das mulheres nas reuniões sindicais e da existência de problemas entre os casais<br />

pelas ausências <strong>do</strong>s homens em decorrência de sua participação no movimento,<br />

o Cetra e a igreja, ouvin<strong>do</strong> as queixas de homens e mulheres iniciaram, em 1980,

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