18.04.2013 Views

Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

218<br />

n e a D e S p e C i a l<br />

rativas ocidentais <strong>do</strong>minantes. Baseada nessa literatura, a autora oferece um<br />

panorama <strong>do</strong> debate atual sobre identidade e sujeito e as implicações dessas reflexões<br />

no feminismo.<br />

A autora advoga o uso da noção mulher, como categoria heterogênea construída<br />

historicamente por diferentes discursos e práticas e que, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

contexto, é usada para articular politicamente as mulheres. Entretanto, reconhece<br />

que a referida categoria é atravessada por diferentes temporalidades e densidades<br />

e que o seu significa<strong>do</strong> tem que ser entendi<strong>do</strong> à luz de outras interseções como<br />

classe, raça, etnia, sexualidade e nacionalidade.<br />

Basean<strong>do</strong>-se em Alcoff, Costa sugere que um <strong>do</strong>s caminhos para o feminismo<br />

seria definir “mulher como posicionalidade.” Para ela,<br />

posição se refere a uma identidade politicamente assumida, que está invariavelmente<br />

ligada à localização da pessoa <strong>do</strong> sujeito (seja ela social, cultural, geográfica, econômica,<br />

sexual e assim por diante) e a partir da qual interpretamos o mun<strong>do</strong> e na qual nos fun-<br />

damentamos. (Costa, 2002, p. 77).<br />

Ainda referin<strong>do</strong>-se a Alcoff, Costa reconhece que o conceito de mulher como<br />

posicionalidade é um termo relacional e possibilita que as diferentes posições ocupadas<br />

pelas mulheres possam ser usadas como um lugar onde estas se engajam com<br />

a construção e não com a descoberta de significa<strong>do</strong>s. O lugar é visto como categoria<br />

política e analítica, marca<strong>do</strong> por tensões, conflitos e diferenças; assim, os posicionamentos<br />

são múltiplos e em alguns casos contraditórios. Para Costa, o lugar passa a<br />

ser efeito das inter-relações entre o local e os outros locais que vão além dele (2002,<br />

p. 88). Quan<strong>do</strong> discute o lugar da enunciação a autora está consideran<strong>do</strong> tanto as<br />

dimensões geopolíticas quanto as semióticas, as somáticas e as psíquicas.<br />

Na minha compreensão, a discussão sobre as categorias identitárias provoca e<br />

areja o feminismo. A própria categoria mulher torna-se, no interior <strong>do</strong> movimento<br />

feminista, alvo de reflexão teórica e de disputa política. Isso implica também<br />

em superar o debate sobre essencialismo versus antiessencialismo e atentar para<br />

diferentes posições de pessoas que estão disponíveis nos discursos, como também<br />

para aquelas posições que são invocadas, negociadas, rejeitadas ou recriadas.<br />

Se o referencial feminista me permitiu chegar até aqui, reconheço que as<br />

autoras pouco abordam os processos discursivos e interacionais nos quais essas<br />

a autora cita como exemplo os relatos de vida, os depoimentos e autobiografias de diferentes<br />

mulheres que dão conta <strong>do</strong>s múltiplos e contraditórios posicionamentos nas estruturas<br />

de opressão. Costa destaca como o discurso da fronteira tem si<strong>do</strong> positiva e criativamente<br />

utiliza<strong>do</strong> por feministas latinas que vivem nos esta<strong>do</strong>s uni<strong>do</strong>s.<br />

alcoff, linda. Cultural feminism versus poststructuralismo: the identiity crisis in feminist<br />

theory. Signs, v. , n. , 988, p. 0 .

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!