18.04.2013 Views

Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

M a r g a r i D a a l V e S : C o l e t â n e a S o B r e e S t u D o S r u r a i S e g ê n e r o<br />

Ainda que mudanças e reorientações tenham si<strong>do</strong> introduzidas nos últimos anos<br />

nas políticas para a agricultura familiar as mulheres encontram muitas dificuldades<br />

e obstáculos para terem suas atividades produtivas reconhecidas e apoiadas.<br />

Nas palavras de algumas assentadas percebem-se sentimentos de insegurança,<br />

exclusão e auto-exclusão principalmente quan<strong>do</strong> afirmam que não entendem<br />

bem desse assunto. Como de fato, esse assunto nunca foi considera<strong>do</strong> um assunto<br />

de/ou para mulheres. Ao longo <strong>do</strong>s anos a produção foi assunto <strong>do</strong>s homens,<br />

tratada com os homens da sala para o terreiro da frente, enquanto o espaço reconheci<strong>do</strong><br />

como feminino era da cozinha para o terreiro <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s.<br />

A persistência de fortes tendências no senti<strong>do</strong> de circunscreverem o interior<br />

da agricultura familiar como espaço por excelência das desigualdades de gênero,<br />

<strong>do</strong> conflito e negociação tende a encobrir a força das instituições nessa área.<br />

Contu<strong>do</strong> é possível identificar a participação das organizações sociais e políticas<br />

na reprodução das formas de discriminação e opressão de gênero, concorren<strong>do</strong><br />

para que o gênero seja estruturante das relações sociais. Essa constatação aponta<br />

para o cuida<strong>do</strong> de não se restringir a análise das relações de gênero ao sistema<br />

de parentesco. Ainda que o recorte seja, em determina<strong>do</strong> momento, a unidade<br />

familiar trata-se de tomar em consideração a economia, o merca<strong>do</strong> de trabalho,<br />

e a organização política que atuam sobre a configuração das relações de gênero,<br />

para além <strong>do</strong> parentesco. (Scott, 1995:87).<br />

Para Buarque (2003:4) o gênero na condição de elemento estruturante da<br />

sociedade e estrutura<strong>do</strong> pela vida em sociedade, depende para se transformar,<br />

das modificações processadas nas organizações, nas instituições e em suas normatizações.<br />

Com isso a sociabilidade <strong>do</strong>s indivíduos e seus papéis nas relações<br />

sociais podem sofrer alterações.<br />

Nos relatos das mulheres são flagrantes as dificuldades de diálogo com a<br />

assistência técnica que sabe identificar deficiências no mo<strong>do</strong> de produzir e nas<br />

condições de produção desenvolvidas pelas mulheres. Essa dificuldade se repete<br />

em outras situações quan<strong>do</strong> se trata de projetos das mulheres e alternativas para<br />

o seu apoio e financiamento.<br />

Assentada: (…) Nunca que eles quer fazer uma proposta igual a gente quer. Que a<br />

gente que somos trabalha<strong>do</strong>ra rural, a gente entende o que que a gente vê que dá mais<br />

pra gente. Só que quan<strong>do</strong> eles chega que sai algum projeto eles quer fazer o que eles quer.<br />

Eles não aceita que a gente discute pra acontecer fazer o que a gente vê que dá pra gente.<br />

Aí atrapalha tu<strong>do</strong>.<br />

A compreensão por parte das mulheres <strong>do</strong> beiju sobre a natureza e posição<br />

desse alter é fundamental para o posicionamento e negociação <strong>do</strong> seu projeto de<br />

produção e para a ativação <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> abertura-de-novos-caminhos de que nos fala<br />

1 1

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!