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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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228<br />

n e a D e S p e C i a l<br />

Foge aos meus objetivos no momento, examiná-las todas; entretanto, quero<br />

pontuar como as participantes <strong>do</strong> Movimento vão estabelecen<strong>do</strong> essas relações.<br />

Uma das características é que as mulheres simultaneamente constroem diferentes<br />

vínculos, ‘cavam’ e mapeiam novos espaços e lugares. Entretanto, isso não ocorre<br />

de forma linear, nem tampouco há o cumprimento de etapas predeterminadas.<br />

Em nível estadual e nacional, por exemplo, a articulação é construída no interior<br />

<strong>do</strong> movimento sindical, na criação de secretarias e coordenações nos sindicatos,<br />

nas federações e na Confederação. Data dessa fase a realização de três<br />

seminários nacionais de mulheres trabalha<strong>do</strong>ras rurais, organiza<strong>do</strong>s pela Contag.<br />

No primeiro (1988) é elabora<strong>do</strong> um <strong>do</strong>cumento envia<strong>do</strong> aos constituintes, reivindican<strong>do</strong><br />

a inclusão de direitos para as trabalha<strong>do</strong>ras rurais.<br />

Já no âmbito regional, o investimento é na criação de um movimento autônomo<br />

de mulheres trabalha<strong>do</strong>ras rurais, com atividades, mobilizações, projetos e<br />

financiamentos próprios. O Movimento de Mulheres Trabalha<strong>do</strong>ras Rurais <strong>do</strong><br />

Nordeste (MMTR-NE) se constitui como uma articulação de mulheres participantes<br />

de grupos e movimentos vincula<strong>do</strong>s a ONGs, pastorais da Igreja Católica<br />

e movimento sindical. Esse esforço de construção de uma articulação tão heterogênea<br />

aparece nas correspondências sob diversas versões.<br />

Uma outra característica é que as mulheres aproveitam a participação em<br />

eventos para criar e propagar os vínculos entre as trabalha<strong>do</strong>ras rurais. Posso citar<br />

como exemplo o III e o V Encontro Feminista Latino-Americano e <strong>do</strong> Caribe.<br />

Durante a preparação <strong>do</strong> V Encontro (1990, em São Bernar<strong>do</strong>, Argentina), uma<br />

participante <strong>do</strong> Movimento propõe para a comissão organiza<strong>do</strong>ra uma oficina<br />

para trabalha<strong>do</strong>ras rurais intitulada Nuestras vidas e nuestras organizaciones. Participam<br />

da oficina, trabalha<strong>do</strong>ras rurais (oito) e assessoras <strong>do</strong> Brasil, Argentina,<br />

México, Uruguai, Nicarágua, Honduras, Peru, Bolívia e Chile. Dessa oficina sai a<br />

proposta de realização <strong>do</strong> 1 o Encontro de Trabalha<strong>do</strong>ras Rurais da América Latina<br />

e <strong>do</strong> Caribe e a criação de uma rede de intercâmbio entre os países. O Sertão<br />

Central é escolhi<strong>do</strong> para fazer a articulação.<br />

Fora os encontros e ações conjuntas, as mulheres apostam nos intercâmbios<br />

entre os grupos e os movimentos para fortalecer as relações entre elas. Denominadas<br />

de ‘troca de experiência’, essas atividades duram alguns dias e são realizadas<br />

entre os municípios <strong>do</strong> Sertão Central e/ou fora dele (Acre, São Paulo, Bahia,<br />

Sergipe e Paraíba). Também o Movimento recebe pequenos grupos de mulheres<br />

para conhecer ‘mais de perto os trabalhos’. As visitantes ficam hospedadas nas<br />

casas das trabalha<strong>do</strong>ras rurais, convivem com a população local e participam de<br />

eventos previamente prepara<strong>do</strong>s para esse fim.<br />

Além disso, as mulheres nutrem as relações com a troca de relatórios, fotografias,<br />

cartazes e cartilhas. O material produzi<strong>do</strong> circula entre os diversos grupos e<br />

serve de referência para novos contatos e articulações.

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