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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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M a r g a r i D a a l V e S : C o l e t â n e a S o B r e e S t u D o S r u r a i S e g ê n e r o<br />

zações e lutas travadas. É crucial que o movimento tenha uma estratégia proativa<br />

para lidar com a negação <strong>do</strong>s direitos das mulheres em suas casas.<br />

O jogo <strong>do</strong> empoderamento: um processo contínuo<br />

de desequilíbrio e reequilíbrio de relações de poder<br />

A história das quebradeiras de coco, na luta pelo direito de livre acesso e proteção<br />

<strong>do</strong> recurso natural palmeira de coco babaçu, evoluiu ao longo de um processo<br />

constante de desequilíbrio das relações de poder estabelecidas com seus mari<strong>do</strong>s,<br />

seus vizinhos e com os fazendeiros. É como se olhássemos para uma balança que<br />

mede a desigualdade de poder entre seus <strong>do</strong>is pratos. Num <strong>do</strong>s pratos temos as<br />

quebradeiras de coco, nem sempre sozinhas, uma vez com as organizações que<br />

as representam, outras com seus mari<strong>do</strong>s e companheiros de luta e outras com<br />

pessoas da esfera estatal ou <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. No outro prato alternam-se seus mari<strong>do</strong>s,<br />

seus vizinhos e os fazendeiros. Os trabalha<strong>do</strong>res rurais das comunidades<br />

aparecem, assim, nesta história de mudança tanto como alia<strong>do</strong>s e opressores,<br />

dependen<strong>do</strong> da luta e da arena em que esta está sen<strong>do</strong> travada.<br />

No início desta história a balança pendia em favor <strong>do</strong>s fazendeiros, vizinhos e<br />

mari<strong>do</strong>s das quebradeiras de coco babaçu. Vimos como os pratos da balança foram<br />

se inverten<strong>do</strong> ao longo da trajetória de luta em favor das mulheres. Contu<strong>do</strong>,<br />

o longo processo de desequilíbrio e alteração das relações de poder em seu favor,<br />

quase sempre foi instável e não sustenta<strong>do</strong>. O que não significa que voltamos ao<br />

ponto de partida – a diferença entre os <strong>do</strong>is pratos tem vin<strong>do</strong> a se reduzir gradualmente,<br />

através das conquistas que foram alcançadas nesse tortuoso caminho<br />

de empoderamento das quebradeiras de coco.<br />

Algumas mulheres conseguiram se aproximar mais <strong>do</strong> equilíbrio de “sua balança”<br />

nas relações privadas, outras apenas alcançaram um quase equilíbrio nas<br />

relações estabelecidas na esfera da sociedade civil e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, outras estão<br />

lutan<strong>do</strong> para que os pratos da balança pendam mais em sua direção na esfera <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>. O que deixa a mesma mulher em posições diferentes conforme a luta e<br />

arena em que a mesma está sen<strong>do</strong> travada.<br />

A história de desequilíbrio e reequilíbrio constante das relações de poder deixa<br />

uma questão: como transferir empoderamento coletivo, alcança<strong>do</strong> na esfera<br />

pública na luta pelo direito ao livre acesso e proteção <strong>do</strong> recurso natural babaçu,<br />

para o empoderamento individual da mulher na esfera privada?<br />

Olhan<strong>do</strong> as diferentes trajetórias de vidas relatadas, a idéia que fica é que<br />

cada mulher se apropriou e utilizou de forma diferenciada o poder alcança<strong>do</strong> na<br />

esfera pública, para lidar com e transformar os desequilíbrios de poder dentro<br />

de suas casas. Dependeu assim, da criatividade e iniciativa de cada uma, a forma<br />

como lidaram com o me<strong>do</strong> e vulnerabilidade a que estão sujeitas em suas casas.<br />

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