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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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M a r g a r i D a a l V e S : C o l e t â n e a S o B r e e S t u D o S r u r a i S e g ê n e r o<br />

a Cáritas,1 a Comissão Pastoral da Terra (CPT)1 e a Sociedade Maranhense de<br />

Defesa <strong>do</strong>s Direitos Humanos (SMDDH), tiveram um papel fundamental na<br />

organização e como assessores e representantes das comunidades da região <strong>do</strong><br />

Médio Mearim. Com o encerramento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de conflito, os(as) técnicos(as)<br />

foram para outras áreas de resistência e luta. As famílias começam assim a sentir<br />

necessidade de ter representantes e facilita<strong>do</strong>res, bem como uma entidade que<br />

representasse legalmente seus interesses na esfera pública.<br />

A Assema é criada em 1989, após um ano de visitas feitas por representantes<br />

de quatro sindicatos da região <strong>do</strong> Médio Mearim,20 fruto dessa demanda das famílias<br />

e com o objetivo de assegurar a permanência das famílias agroextrativistas<br />

nas terras reconquistadas.<br />

No início os homens assumiram a liderança dessa organização mista, como<br />

recorda Toinha quan<strong>do</strong> fala da reviravolta na participação das mulheres após a<br />

resolução <strong>do</strong> conflito na sua comunidade – São José <strong>do</strong>s Mouras, município de<br />

Lima Campos.<br />

Passa<strong>do</strong> o conflito, depois de a gente ter essa luta toda, essa briga toda, essa coragem toda<br />

de estar ali, tinha reuniões que eles diziam assim hoje é só pros homens. (…) E aí num<br />

determina<strong>do</strong> dia (…) chega eu e a Dada, minha irmã, parece que a comadre Mariana e<br />

uma outra mulher lá e eles disseram ‘agora a gente quer continuar a conversa sozinho’.<br />

Os homens. E nós saímos. Tu acredita?! Chegou lá no terreiro, lá na estrada, que nós<br />

saímos da Igreja e eu virei assim e eu disse ‘Dada, mas me diz mesmo o que é que estão<br />

discutin<strong>do</strong>?’ Aí ela diz ‘Eu não sei minha irmã, o que será?’ A comadre Mariana disse ‘Ai<br />

eu acho que eu sei’. Aí fez assim alguns comentários <strong>do</strong> que seria. (…) Aí a Dada virou pra<br />

mim e disse ‘E nós não pode ficar participan<strong>do</strong> dessa discussão? Se você já está saben<strong>do</strong><br />

disso. Pois nós vai voltar pra lá é agora!’ E nós voltamo pra lá e botamos eles nos eixos, no<br />

lugarzinho deles. E perguntamos para eles naquele dia: ‘Porque que agora tinha segre<strong>do</strong>s?<br />

Se desde o início <strong>do</strong> conflito que era coisa pior a gente estava junto, a gente estava plane-<br />

jan<strong>do</strong>, era viagens era tu<strong>do</strong> a gente estava junto’. (…) ‘Por que é que agora eles estavam<br />

com segre<strong>do</strong>s com a gente? Que falta de confiança com a gente’. Aí demos um chega para<br />

lá, aí largaram. Porque senão tinha pega<strong>do</strong> essa moda de homem ficar discutin<strong>do</strong> sem<br />

a participação da gente. Aí foi quan<strong>do</strong> a gente veio pra Assema. (…) Depois eu e Dada<br />

começamos a participar da Assema. (…) Já havia mulheres de outras comunidades, mas<br />

muito poucos. (Toinha, 2002)<br />

8 a Cáritas, criada em 956, é a filial brasileira da Cáritas internacional.<br />

9 a Cpt, fundada em 9 5 e parte da igreja Católica, iniciou seu trabalho dan<strong>do</strong> assistência aos<br />

camponeses durante o regime militar.<br />

20 os sindicatos de trabalha<strong>do</strong>res rurais de lago <strong>do</strong> Junco, São luiz gonzaga, lima Campos e<br />

esperantinópolis.<br />

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