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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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M a r g a r i D a a l V e S : C o l e t â n e a S o B r e e S t u D o S r u r a i S e g ê n e r o<br />

entre gênero e sexualidade é afirmada por diversos autores: Vance (1995) indica<br />

que seriam sistemas distintos entrelaça<strong>do</strong>s em muitos pontos; para Heilborn e<br />

Sorj (1999) são dimensões autônomas que apresentam pontos de interconexão.<br />

Weeks (2001) indica, além de gênero, também classe e raça forman<strong>do</strong> três eixos<br />

interdependentes particularmente importantes para compreender as estruturas<br />

de <strong>do</strong>minação e subordinação no mun<strong>do</strong> da sexualidade. Seguimos esse autor<br />

quan<strong>do</strong> afirma que “nossas definições, convenções, crenças, identidades e comportamentos<br />

sexuais não são o resulta<strong>do</strong> de uma simples evolução, como se tivessem<br />

si<strong>do</strong> causa<strong>do</strong>s por algum fenômeno natural: eles têm si<strong>do</strong> modela<strong>do</strong>s no interior<br />

de relações definidas de poder” (2001:42), entre as quais destacamos as dimensões<br />

de gênero, etária, classe e raça/etnia.<br />

O enfoque sobre o cotidiano juvenil, gênero e sexualidade possibilitou dimensionar<br />

questões pouco exploradas sobre relações sociais, especificamente no MST,<br />

e acreditamos que os resulta<strong>do</strong>s deste estu<strong>do</strong> possam oferecer elementos significativos<br />

para se analisar representações de gênero e sexualidade que configuram<br />

os significa<strong>do</strong>s de situações comuns vivenciadas cotidianamente pelos jovens sem<br />

terra assenta<strong>do</strong>s no Sul <strong>do</strong> Brasil.<br />

Jovens em Movimento<br />

A identificação de “jovem” é um processo histórico-socialmente situa<strong>do</strong> e, ao mesmo<br />

tempo, se constrói por autodefinição. Para os jovens pesquisa<strong>do</strong>s, sua condição<br />

juvenil é definida principalmente pelas atitudes e formas de pensar “mais sérias,”11<br />

sen<strong>do</strong> o critério etário uma referência complementar. A noção de “mais sério” está<br />

em comparação com a de infância e, quan<strong>do</strong> relaciona<strong>do</strong> aos adultos, o jovem<br />

se situaria numa condição intermediária, caracterizada pela aprendizagem, até<br />

adquirir “mais vivência” e “mais responsabilidade.”<br />

Uma das características desta fase da vida – juventude – diz respeito ao ingresso<br />

no universo das relações amorosas ou afetivo-sexuais, verifica<strong>do</strong> nos depoimentos<br />

juvenis e também na literatura (Heilborn et al, 2002). As fronteiras<br />

entre as fases de vida, no entanto, são pouco precisas. Em relação à fase adulta, se<br />

tomarmos como indica<strong>do</strong>res os comumente usa<strong>do</strong>s na literatura, como a carreira<br />

escolar-profissional-familiar, precisamos considerar alguns fatores. Quanto ao<br />

processo de escolarização, seu prolongamento ou não, no contexto rural, estaria<br />

mais relaciona<strong>do</strong> às possibilidades de acesso e permanência na escola. Concorrem,<br />

neste senti<strong>do</strong>, o imenso deficit da oferta de educação formal no meio rural brasileiro,<br />

a inexistência de uma política educacional eficaz e adequada para o campo,<br />

utilizamos redação entre aspas e em itálico para identificar os depoimentos juvenis.<br />

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