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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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n e a D e S p e C i a l<br />

comunidades rurais. Os trechos de algumas cartas anônimas podem demonstrar<br />

que em Rosário das Almas, o modelo de amor romântico (extraconjugal ou não<br />

consuma<strong>do</strong>) pode ser vivi<strong>do</strong>. A ênfase dada a estas cartas não é pelas cartas em<br />

si, mas pelos elementos que elas trazem que sublinham os aspectos <strong>do</strong> namoro,<br />

das paixões escondidas, das relações extraconjugais das pessoas; enquanto contribuem<br />

para este inventaria<strong>do</strong> <strong>do</strong>s aspectos que estão liga<strong>do</strong>s ao corpo e significa<strong>do</strong>s<br />

liga<strong>do</strong>s ao afeto e a expressão <strong>do</strong>s afetos. A pessoa anônima, ao comunicar seu<br />

sentimento, marca aquele ou aquela a quem se destina tal sentimento. Noutro<br />

fluxo torna-se um forte elemento que será comunica<strong>do</strong> pelos demais mora<strong>do</strong>res<br />

e ouvintes <strong>do</strong> programa de rádio que ouviram tais declarações, por meio da fofoca.<br />

Mas ao sugerir a comunicação de seu desejo é a escrita que toma corpo – ausente/<br />

presente – de alguém apaixona<strong>do</strong>. Tal como observa Zumthor (id., p. 40) “o que<br />

na performance oral pura é realidade provada, é, na leitura, da ordem <strong>do</strong> desejo.”<br />

Como nos trechos das cartas, a seguir:<br />

Declarações de amor<br />

Carta A<br />

Certo dia alguém passou por mim e me disse:<br />

- Tem muita gente que te ama, eu fiquei com aquelas palavras na cabeça (…)<br />

- Quem será que me ama? e certo alguém me respondeu:<br />

- Você é tão bobinha, será que essa minha bobice não é por sua causa, me fiz de boba porque<br />

queria ouvir da boca de um certo alguém que era ele que me ama, eu já ouvi estas palavras mas<br />

indiretamente, eu queria não, eu quero ouvir mas diretamente, cara a cara, eu necessito ouvir<br />

estas palavras, para que eu me sinta feliz, eu necessito ser feliz, quero ser feliz mas ao seu la<strong>do</strong>.<br />

(…) Ofereço para certo alguém a música de Roberto Carlos (amor sem limite).<br />

Carta B<br />

Sou uma pessoa que voa e vai e vem e voa sempre em volta da mesma pessoa – você.<br />

Escute não quero ser apenas mais uma na sua vida, quero você só para mim, muitas vezes na hora<br />

<strong>do</strong> sono perdi o rumo das noites e fiquei pensan<strong>do</strong> em você, quantas vezes a<strong>do</strong>rmeci, pensan<strong>do</strong><br />

em você, quantas vezes a<strong>do</strong>rmeci, pensan<strong>do</strong> como seria bom <strong>do</strong>rmir e acordar em teus braços,<br />

quanto te desejo nessas noites (…)<br />

Porém, o desejo desfeito ou não correspondi<strong>do</strong> também pode ser li<strong>do</strong> através<br />

de uma escrita agressiva que expressa sentimentos de rejeição e angústia frente<br />

aos mesmos sentimentos que se desejaria que não fossem reais.<br />

Declaração de amor e ódio<br />

Carta C<br />

Amigo e inimigo

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