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Margarida Alves - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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22<br />

n e a D e S p e C i a l<br />

Como escreve Almeida (1999), a proposta foi aprovada e serviu de instrumento<br />

para as mulheres se associarem aos sindicatos. Como hierarquicamente<br />

a Contag está no topo da estrutura sindical, as mulheres se sentiram legitimadas<br />

para pressionar os sindicatos e a própria Federação. Em algumas localidades as<br />

mulheres desenvolveram atividades econômicas para viabilizar a campanha de<br />

sindicalização. Os convites e encontros passaram a ser feitos em nome <strong>do</strong>s sindicatos<br />

e <strong>do</strong> Movimento. As assembléias <strong>do</strong>s sindicatos e as reuniões da diretoria<br />

transformaram-se também em espaços de divulgação das idéias <strong>do</strong> Movimento.<br />

Entretanto, Almeida lembra que para isso foi feito to<strong>do</strong> um trabalho de formiguinha,<br />

enfrentan<strong>do</strong> tensões e discordâncias nas várias instâncias <strong>do</strong> movimento sindical.<br />

Esta relação com o movimento sindical vai dan<strong>do</strong> uma conformação bastante<br />

ambígua ao Movimento, com algumas peculiaridades que o diferenciam <strong>do</strong>s demais<br />

movimentos de mulheres rurais no país: não é fruto da ação progressista da<br />

Igreja Católica, a exemplo <strong>do</strong> Movimento de Mulheres <strong>do</strong> Brejo Paraibano ou <strong>do</strong> Movimento<br />

de Mulheres Agricultoras <strong>do</strong> Oeste de Santa Catarina; inseriu-se dentro <strong>do</strong><br />

movimento sindical rural, mas não é subordina<strong>do</strong> a nenhuma instância <strong>do</strong> mesmo;<br />

a<strong>do</strong>tou o nome <strong>do</strong> pólo sindical (Sertão Central) e traz nas capas das publicações<br />

tanto o nome da Fetape, quanto <strong>do</strong>s sindicatos, entretanto, planeja e avalia suas<br />

atividades de forma autônoma e conta, inclusive, com financiamentos próprios.<br />

Ora posiciona-se mais próximo ao movimento sindical, ora mais distante.<br />

Para finalizar a abordagem dessa fase, gostaria de destacar que em 1987 as<br />

mulheres realizaram o primeiro encontro regional (maio) e o primeiro encontro<br />

estadual (dezembro), com a participação de 183 trabalha<strong>do</strong>ras representan<strong>do</strong><br />

as microrregiões <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Também estiveram presentes mulheres da Paraíba,<br />

<strong>do</strong> Ceará e da Bahia. Naquela ocasião foi criada uma comissão de trabalha<strong>do</strong>ras<br />

rurais para coordenar as atividades das mulheres em Pernambuco.<br />

II – Fortalecen<strong>do</strong> os fios e amplian<strong>do</strong> a voz (1988-1994)<br />

Esta fase é de intensa atividade política, na qual o Movimento se firma como ator<br />

social na cena local e na articulação das mulheres para além <strong>do</strong> Sertão Central.<br />

Nesse perío<strong>do</strong>, em nível nacional, as mulheres conquistam o direito à Previdência<br />

Social, cuja regulamentação é efetivada em 1994.<br />

Se no perío<strong>do</strong> anterior as mulheres conjugaram interesses na organização <strong>do</strong>s<br />

primeiros eventos, neste o investimento é na institucionalização <strong>do</strong> Movimento<br />

como um ator social, com atuação na cena política local e na articulação das<br />

mulheres em nível estadual e regional.<br />

É nesse perío<strong>do</strong> (1988-1994) que as trabalha<strong>do</strong>ras rurais expressam publicamente<br />

as divergências e os conflitos com os homens no movimento sindical.<br />

8 Como o Movimento age de forma autônoma, gera algumas vezes, conflitos com as direções<br />

<strong>do</strong>s sindicatos, com a Fetape. algumas cartas expressam essas tensões e conflitos.

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