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texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

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mais necessidade dele tiver. A passagem dessa argumentação para a questão <strong>do</strong> dinheiro<br />

– vale a ressalva que o mun<strong>do</strong> material, sempre muito bem representa<strong>do</strong> na figura da<br />

moeda – faz com que a argumentação de Nietzsche se torne ilógica. Entretanto, Fileto<br />

não se pergunta sobre o que seriam as pessoas que possuem dinheiro. Ele parte<br />

simplesmente de uma constatação imediata <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> – existem pessoas pobres e ricas<br />

e, dessa forma, as que são pobres, o são dessa forma pelo fato de não terem a mesma<br />

quantidade de dinheiro que as ricas, e, dentro dessa lógica, de desejarem tê-lo – mas não<br />

questiona se essas pessoas estariam ou não no mesmo plano. Ele parte de um principio<br />

no qual as pessoas que já tem dinheiro não precisariam de mais dinheiro, mas esquece<br />

de colocar, em seu exemplo, o seu próprio pai, que possui dinheiro e que tinha a<br />

necessidade constante de cuidar e de ganhar mais dinheiro.<br />

XX. – “Darwin esqueceu o espirito, e isso é bem inglêz (e mais allemão ainda –<br />

accrescentaria eu): os fracos têm mais espirito.” Isto diz Nietzsche combaten<strong>do</strong> a theoria<br />

da selecção de Darwin. Ponhamos de la<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o paralogismo, ou antes o absur<strong>do</strong>, e<br />

sigamos o philosofo de Rœcken. Mas por que será então que os fracos têm mais espirito <strong>do</strong><br />

que os fortes? – É simples – responde-nos elle: é preciso ter necessidade de espirito para<br />

chegar a ter espirito. De sorte que, depois de Nietzsche, podemos affirmar, sem vacillação,<br />

“que os pobres têm mais dinheiro <strong>do</strong> que os ricos”... E porque? Ora, porque... Porque é<br />

preciso ter necessidade de dinheiro para chegar a ter dinheiro... – Entende Nietzsche que o<br />

tal espirito <strong>do</strong>s fracos vence a força <strong>do</strong>s fortes e que portanto a luta pela vida terminará em<br />

detrimento destes ultimos. “As especies não crescem de mo<strong>do</strong> algum, no senti<strong>do</strong> da<br />

perfeição: os fracos acabam sempre por se tornarem senhores <strong>do</strong>s fortes, pois elles têm o<br />

grande numero e são tambem mais velhacos...” – É incrivel! Nem na sociologia, nem na<br />

historia natural este homem soube vêr! Na sociologia os fracos sahem da miseria por um<br />

triumpho cada vez mais completo da moral sobre o espirito <strong>do</strong>s fortes. Na historia natural<br />

esse triumpho é ainda impossivel e a selecção de Darwin é uma verdade eterna. (POMBO,<br />

1905, 129-130)<br />

De acor<strong>do</strong> com o posicionamento a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> por Fileto, Nietzsche acaba por se<br />

afastar da possibilidade de salvação não pelo fato de não se sentir a alegria da vida,<br />

que eleva o espírito. E essa não capacidade para a alegria o força, necessariamente<br />

ao mal-estar, à negativa <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Essa forma de escrita, colocada para Fileto, faz<br />

com que os posicionamentos em relação ao filósofo alemão sejam quase sempre<br />

construí<strong>do</strong>s por argumentos falaciosos.<br />

XXVII. – “É a alegria que conduz á salvação.” Logo a alegria – a marca <strong>do</strong> animal!... Pois<br />

Nietzsche não sentiu que a alegria dispersa o espirito!... (POMBO, 1905, 131)<br />

XXXI. – Dir-se-ia que Nietzsche reuniu no seu estomago toda a bilis <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>... Elle<br />

falou até disto: de dizerem os seus patricios: Gœthe E Schiller, Schopenhauer E Hartmann.<br />

Devia ser o proprio Gœthe quem respondesse a Nietzsche. (POMBO, 1905, 131)

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