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texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

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pelo cristianismo 7 . O seu questionamento da moral passa por um ponto que é central<br />

para o entendimento da obra <strong>do</strong> filósofo: o questionamento da fundamentação primeira<br />

desses valores.<br />

A chegada das idéias <strong>do</strong> filósofo alemão ao Brasil, chegada que interessa<br />

sobremaneira para saber com que con<strong>texto</strong> de idéias Rocha Pombo estaria dialogan<strong>do</strong><br />

será explicitada por <strong>do</strong>is grandes nomes <strong>do</strong> momento: Nestor VITOR (1969) e José<br />

VERÍSSIMO (2001).<br />

Nestor Vitor possui, em sua Obra Crítica, publicada pela Fundação Rui Barbosa,<br />

em 1969, um artigo destina<strong>do</strong> exclusivamente a Nietzsche. Este artigo data de 1900.<br />

Ten<strong>do</strong> que Nestor Vitor, como atesta Andrade MURICY (1987), era um <strong>do</strong>s expoentes<br />

da intelectualidade paranaense e brasileira, sen<strong>do</strong> admira<strong>do</strong> por Rocha Pombo, seu<br />

artigo pode ter repercuti<strong>do</strong> no pensamento <strong>do</strong> autor de No Hospício.<br />

[Nestor Vitor] Publicara [1897] (...) o livro de contos Signos, simbolista típico, que foi<br />

largamente discuti<strong>do</strong>, mas que obteve os sufrágios de Cruz e Sousa (...), de Luís Delfino e de<br />

Rocha Pombo. (MURICY, 1987, 339)<br />

Se, porventura, Rocha Pombo não tenha toma<strong>do</strong> contato com o artigo de Nestor<br />

Vitor (o que seria de espantar, visto que como na França, como foi cita<strong>do</strong> no capítulo<br />

anterior, no Brasil o círculo de escritores e leitores dessa nova literatura é extremamente<br />

reduzi<strong>do</strong> (CANDIDO, 2000)) ele vale como manifestação direta sobre a forma como a<br />

filosofia nietzschiana foi vista durante a virada <strong>do</strong> século XIX para o XX no Brasil.<br />

De acor<strong>do</strong> com Nestor VITOR (1969), o rigor intelectual da obra de Nietzsche<br />

eleva-se à loucura, crian<strong>do</strong> em seus leitores um sentimento de desconcerto causa<strong>do</strong> por<br />

uma certa falsidade nas pessoas <strong>do</strong> Ocidente. Mas, questiona-se se não seria exatamente<br />

esse sentimento a melhor forma de descrever os últimos quatro séculos nos quais o que<br />

7<br />

“O que é bom? — Tu<strong>do</strong> aquilo que desperta no homem o sentimento de poder, a vontade de<br />

poder, o próprio poder.<br />

O que é mau? — Tu<strong>do</strong> o que nasce da fraqueza.<br />

O que é a felicidade? — A sensação de que o poder cresce — de que uma resistência<br />

foi vencida.<br />

Nenhum contentamento, mas mais poder. Não a paz acima de tu<strong>do</strong>, mas a guerra. Não<br />

a virtude, mas o valor (no estilo <strong>do</strong> Renascimento: virtu, virtude desprovida de moralismos).<br />

Quanto aos fracos, aos incapazes, esses que pereçam: primeiro princípio da nossa<br />

caridade. E que se os ajude mesmo a desaparecer! O que é mais nocivo <strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s os<br />

vícios? — A compaixão que suporta a acção em prol de to<strong>do</strong>s os fracos, de to<strong>do</strong>s os incapazes<br />

— o cristianismo...” (NIETZSCHE, F. O anticristo. Trad. Pedro Delfim Pinto <strong>do</strong>s Santos.<br />

Lisboa: Guimarães Editora, 1997. 16-17.)

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