01.06.2013 Views

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

gestos. Là pelos confins <strong>do</strong> amplo circuito quer nos parecer que vagam lentas umas<br />

sombras esquivas. De subito, uma estranha figura, lacerada e enderma, destaca-se là <strong>do</strong><br />

meio das sombras, appraxima-se (sic) de nós e no seu espanto, hirta e convulsa, nos<br />

inquire: “Dizei-me: que é feito <strong>do</strong> monstro?... ainda estará na cidade eterna?” E se afasta<br />

sem ouvir-nos. Nisto um phantasma colossal passa por nós gritan<strong>do</strong> como louco,<br />

persegui<strong>do</strong> de multidões de phantasmas... emquanto a dôr hilariante <strong>do</strong>s hospicios<br />

estrondava no meio da noite...<br />

NO CEMITERIO DA MONTANHA. – Entramos. Á medida que por entre as labaredas<br />

liamos as inscripções, de dentro <strong>do</strong>s tumulos nos vinham gemi<strong>do</strong>s. De repente vemos<br />

uns esqueletos que se erguiam claman<strong>do</strong>. A injustiça tinha si<strong>do</strong> lão (sic) grande e tão<br />

fun<strong>do</strong> lhes calára na alma que no seu derradeiro refugio, ha milhares de annos, ainda<br />

não podiam esquecer as suas ancias...<br />

LEGENDA. – Accordei um dia sentin<strong>do</strong> uma serenidade de redempção. Foi menos<br />

talvez, ou mais que despertar, pois não me apercebi da minha consciencia normal: fiquei<br />

antes num esta<strong>do</strong> de extase, no meio somno <strong>do</strong>s que se espantam da sua vigilia, numa<br />

especie de ecclosão da alma, triumphal e augusta, para vida nova e estranha. Pela<br />

claridade da minha camara senti que la fóra a manhã devia andar ostentan<strong>do</strong> a sua luz,<br />

luz que conforta e edifica, suggestiva e sagrada, como se fôra um sorriso de Deus. E<br />

vejo então apparecer no fun<strong>do</strong> da camara uma figura branca e radiosa. Fita-me por<br />

instantes, meiga e austera. Em seguida, vem direto a mim, e a um gesto seu, ergo-me<br />

agita<strong>do</strong> <strong>do</strong> leito e me conservo erecto, em pasmo ante o vulto pontifical. E este faz-me<br />

então um novo gesto e saio da minha camara envolto numa longa clamyde fazul.<br />

Deslumbra<strong>do</strong> no meio da manhã, vou me exalçan<strong>do</strong>... e vou crescen<strong>do</strong>... Diante de mim<br />

os horizontes se dilatam. Vejo as planicies abertas... Vejo o mar que se alarga. Minha<br />

fronte fende as nuvens e minha alma – tornada immensa – quer falar ás estrellas. Á<br />

medida que eu crescia, a meus pés tu<strong>do</strong> minguava... As montanhas desapparecem. As<br />

planuras tornam-se uma só planura. Os occeanos simulam umas enormes laminas de<br />

estanho que velassem a face da terra. O anjo, a indicar-me sempre as alturas, falan<strong>do</strong>-<br />

me de outros mun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> firmamento, incita-me a crescer ainda. Ás vezes me<br />

desapercebo de que meus pés pousavam na terra. De instante a instante succedem-se a<br />

noite e o dia. Então começamos a caminhar para o Occidente, mas logo mudamos de<br />

rumo. De subito, o espaço parecia entenebrer-se. O nosso estrupi<strong>do</strong> faz a terra vibrar.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!