texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná
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Ao pensar sobre a forma como esse pensamento está estrutura<strong>do</strong>, vê-se que<br />
ele será, assim como o romântico, construí<strong>do</strong> através de uma substituição de<br />
metafísicas. O romântico, para se estruturar, substitui a metafísica cristã pelo<br />
paradigma burguês de individualidade, mas manten<strong>do</strong> a possibilidade <strong>do</strong> absoluto<br />
intocada. O Naturalista, procuran<strong>do</strong> desmontar o individualismo romântico,<br />
buscará encontrar leis gerais que possam ser aplicáveis a to<strong>do</strong>s os seres, em todas<br />
as situações, porém, somente em relação ao mun<strong>do</strong> objetivo. Em outras palavras,<br />
os naturalistas acabaram por substituir o individualismo romântico por um<br />
generalismo científico, mas ainda preservarão o absoluto, na figura da verdade,<br />
que pode ser alcançada através de uma aplicação rigorosa e imparcial <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>.<br />
Contra isso aparecerá o Simbolismo. A grande questão universaliza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong><br />
simbolismo, aquilo que dará caráter universal ao movimento inicia<strong>do</strong> na França será<br />
exatamente, de acor<strong>do</strong> com CARPEAUX (1969), a sua revolta não contra o<br />
Parnasianismo, que seria um movimento de pouca abrangência em relação à sociedade e<br />
a formulação das idéias, muito volta<strong>do</strong> somente à valorização de ideais clássicos, mas<br />
contra o Naturalismo, no seu senti<strong>do</strong> mais amplo. Negar-lhe a possibilidade de verdade,<br />
negar-lhe a validade real <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>. Esse era a principal revolução simbolista. “O<br />
simbolismo é mais <strong>do</strong> que uma reação ao parnasianismo, é uma reação contra o<br />
naturalismo e, desta forma, universal e não somente francês.” (CARPEAUX, 1969,<br />
2573)<br />
A negação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> veio junto com a própria negação da possibilidade de<br />
existência <strong>do</strong> absoluto. A verdade já não mais poderia existir. Já não era mais<br />
aceitável que algo pudesse existir por si mesmo, como uma força independente <strong>do</strong>s<br />
seres que a sentem. Toda a realidade passa a ser construção <strong>do</strong> indivíduo. Não da<br />
forma como o Romantismo a propunha, na qual era possível a cada ser escolher o<br />
seu caminho, mas to<strong>do</strong>s deveriam seguir em direção a um ponto determina<strong>do</strong> no<br />
qual estaria o objetivo da existência (seja ele qual for: beleza, bondade, Deus,<br />
verdade). Esse ponto de chegada não existe mais.<br />
A teoria das correspondências de Baudelaire, tal com foi elaborada<br />
(possibilidade de uma construção de visão de mun<strong>do</strong> que ultrapasse a necessidade<br />
de uma finalidade última e coloque a realidade e a totalidade <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> no próprio<br />
mun<strong>do</strong>), teve como base a teoria das correspondências de Emmanuel Swedenborg,<br />
um místico sueco. Swedenborg trabalha a questão das correspondências tal qual foi<br />
apropriada pelo Romantismo. Compreender a correspondência das coisas é ter a