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texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

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na figura de um messias que viria mostrar como se deveria portar no mun<strong>do</strong> para<br />

que se chegasse à redenção. E, então, no último caderno (Era Nova – ANEXO 05),<br />

essas posturas já estão claramente definidas, colocan<strong>do</strong> em afinidade o espírito de<br />

Fileto e as posições cristãs, que eram usadas pelo narra<strong>do</strong>r. Nesse aspecto, é<br />

possível perceber o hospício como um micro-cosmo da sociedade que o cerca. A<br />

única possibilidade de dissonância em relação ao mun<strong>do</strong> externo é da<strong>do</strong> pela<br />

possibilidade de argumentação <strong>do</strong> la<strong>do</strong> mais frágil, no caso, Fileto. A sua<br />

incorporação de elementos vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r não quer dizer uma submissão, mas<br />

o resulta<strong>do</strong> da interação de duas almas elevadas.<br />

Essa passagem de um mun<strong>do</strong> religioso para um mun<strong>do</strong> científico faz com<br />

que, de forma geral, se torne presente no Ocidente uma guinada em direção ao<br />

Nada. Mas não há falta de metafísica. Esse Nada ocidental é da<strong>do</strong> pela falta de<br />

uma mística religiosa consistente que servisse, como o cristianismo serviu, para<br />

dar uma unidade espiritual a to<strong>do</strong> um possível povo. A teleologia continua<br />

presente. Não se quer mais caminhar para o reino de Deus, mas para o progresso.<br />

Deixa-se de la<strong>do</strong> o paraíso além-morte para a possibilidade de um paraíso na terra.<br />

Os direitos <strong>do</strong> homem substituem os mandamentos.<br />

Mas, ao olhar tu<strong>do</strong> isso, vê-se que o embasamento ainda é muito<br />

semelhante. Prega-se, ainda, uma finalidade para a vida. Busca-se, ainda, a<br />

redenção. Mesmo que agora se tenha uma diversidade maior de visões, não são<br />

visões que brotaram fruto de experiências pessoais, mas de uma pluralidade de<br />

“espíritos de povos”. No fun<strong>do</strong>, cada povo acaba decidin<strong>do</strong> o que é certo e o que é<br />

erra<strong>do</strong>, o que é bom e o que é mau, o que é moral e o que deixa de sê-lo. Mas essas<br />

visões são dadas por comunidades inteiras e não por reflexões individuais. O<br />

homem não pode se superar enquanto ainda se mantiver em rebanho, aceitan<strong>do</strong><br />

convenções as quais não criou. Mais ainda: aceitan<strong>do</strong> as convenções como se elas<br />

fossem a expressão da verdade. Elas são verdades impostas por tradições para as<br />

quais se faz necessário o esquecimento da origem. Quan<strong>do</strong> não se vê a origem de<br />

um valor, não se pode julgar a sua real validade. Essa gama imensa de povos,<br />

separa<strong>do</strong>s em nações autônomas acaba por criar suas próprias histórias, suas<br />

próprias tradições, mas, tanto quanto a moral cristã, evita a superação <strong>do</strong> homem,<br />

pois busca a formação de Esta<strong>do</strong>s Nacionais fortes, de culturas nacionais como<br />

propósito.

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