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texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

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utilizar a linguagem de forma tradicional e padronizada (“Nesta pobreza de<br />

linguagem humana” (POMBO, 1905, 17)). Busca-se defender a necessidade de<br />

sugestividade como o ideal a ser conquista<strong>do</strong> pela arte (“O mais que arte póde<br />

fazer é sugerir...” (POMBO, 1905, 125)).<br />

Sim, mas não para os espíritos, porque os espíritos sempre separam da plastica o sopro<br />

divino que a plastica, por assim dizer, nos guarda. E eis ahi o supremo ideal da arte, o seu<br />

poder infinito: ella tem por fim SUGERIR, por meio <strong>do</strong> signo, o que não pode fazer ver<br />

senão ao espírito. (POMBO, 1905, 27-28)<br />

A forma de como expressar esse inconsciente foi o centro <strong>do</strong>s<br />

questionamentos simbolistas. A necessidade de uma nova linguagem, ou uma nova<br />

forma de encarar a linguagem, se fez necessária. Representar em palavras sem<br />

esvaziar as idéias, sem destruí-las. A busca <strong>do</strong> “eu” tornou a gramática tradicional<br />

inútil para trazer à tona os acha<strong>do</strong>s psicológicos, fazen<strong>do</strong>-se necessário o<br />

desenvolvimento de uma estrutura gramatical intimista e de um léxico que<br />

permitisse o “recurso a neologismos, inesperadas combinações vocabulares,<br />

emprego de arcaísmos e expedientes gráficos de várias ordens” (MOISÉS, 1984,<br />

9). Ao desprezar que os objetos empíricos tenham uma razão em si, o simbolista<br />

parte, individualmente, subjetivamente, para desvendar a sua parte oculta<br />

(GOMES, 1994, 18).<br />

A partir deste ponto, os simbolistas desenvolvem uma teoria que coloca<br />

toda a comunicação não na transmissão direta de idéias, mas na sugestão que as<br />

palavras são capazes de produzir. Em uma oposição direta às idéias então em voga<br />

no Naturalismo, o Simbolismo se recusa a ver o mun<strong>do</strong> de forma objetiva,<br />

permitin<strong>do</strong> que cada um pudesse construí-lo da forma que julgasse melhor. O que<br />

não quer dizer dar uma liberdade total aos seres. Existe uma postura ética na forma<br />

como os simbolistas desenvolvem a sua teoria. Por essa questão ética, os seres não<br />

podem fazer o que bem entenderem, mas são obriga<strong>do</strong>s a admitir uma realidade da<br />

qual não podem escapar. Entretanto, essa realidade não é igual a to<strong>do</strong>s, ela não é<br />

dada, não é objetiva e nem verificável.<br />

A postura aparentemente intuitiva <strong>do</strong>s simbolistas, dan<strong>do</strong> ênfase em uma “forma<br />

supra-racional de conhecimento” (MOISÉS, 1984, 9), faz com que a objetividade <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> só possa ser conhecida através da subjetividade <strong>do</strong> ser. E que a transmissão<br />

dessa descoberta só ocorra se se pudesse traduzir toda a pluralidade possível, evitan<strong>do</strong><br />

que se comprometessem as correspondências entre os objetos. Entran<strong>do</strong> no jogo de

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