texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná
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possibilidade de Redenção. Ou, até mesmo, em outras palavras, da compreensão <strong>do</strong><br />
real. Para o romântico, o mun<strong>do</strong> possui toda uma simbologia que o faz reunir-se<br />
novamente à divindade. A elevação <strong>do</strong> espírito é a única saída para a concretização<br />
da espiritualidade. Nesse ponto, a renuncia da materialidade pelo romântico é a<br />
única saída, uma vez percebida que a sua vida é passageira e que os seus ideais<br />
nunca serão realiza<strong>do</strong>s na existência terrena. Para tanto, o homem romântico<br />
necessita de uma vida transcendente. Essa ligação é o que dá senti<strong>do</strong> à vida e, de<br />
uma forma mais ampla, à toda e qualquer existência. Nada existe no mun<strong>do</strong> que<br />
não possua uma ligação com um plano superior. É sempre algo que se liga a uma<br />
coisa que é anterior a ela. Desta forma, as correspondências de Swedenborg<br />
possuem um níti<strong>do</strong> caráter platônico e cristão. A dualidade entre um mun<strong>do</strong><br />
material mutável e, desta forma, imperfeito, e um mun<strong>do</strong> ideal perfeito – típica <strong>do</strong><br />
pensamento platônico (e que dará base ao pensamento cristão) – será colocada<br />
como fundamental para a compreensão da realidade. Ver alguma coisa só terá<br />
senti<strong>do</strong> se o que está sen<strong>do</strong> visto se ligar a uma possibilidade de transcendência da<br />
materialidade que a forma. Como todas as coisas se ligam a algo anterior a elas –<br />
precisam ligar-se para que exista um senti<strong>do</strong> para elas – e que, desta forma, lhes dá<br />
origem, o que vemos é um caminhar em direção ao absoluto, que pressupõe,<br />
necessariamente, uma fonte primeira. Uma busca muito distante não foi necessária<br />
a Swedenborg para encontrar essa primeira força. As palavras divinas, a Bíblia,<br />
para ele, são compostas de puras correspondências. Ela é um elo de ligação entre o<br />
mun<strong>do</strong> terreno e o mun<strong>do</strong> espiritual. E, uma vez compreendia essa<br />
correspondência, a possibilidade de caminhar em direção ao Divino está dada, pois<br />
se se compreende a correspondência entre qualquer coisa no mun<strong>do</strong> material com o<br />
espiritual, compreende-se, na verdade, o porquê da existência.<br />
Primeiramente, dir-se-á o que é a Correspondência: to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong> natural corresponde ao<br />
Mun<strong>do</strong> espiritual, e não apenas o Mun<strong>do</strong> natural (o seu aspecto) comum, mas também em<br />
cada uma das coisas que o compõem; por isso, cada coisa que, no Mun<strong>do</strong> natural existe<br />
conforme uma coisa espiritual, é dita Correspondência. É preciso que se saiba que o<br />
Mun<strong>do</strong> natural existe e subsiste em conformidade com o mun<strong>do</strong> espiritual, tão<br />
absolutamente como o efeito conforme sua causa eficiente. (...) Em uma palavra, todas as<br />
coisas que existem na Natureza, da menor à maior, são correspondências. São<br />
Correspondências porque o Mun<strong>do</strong> natural, com tu<strong>do</strong> o que o constitui, existe e subsiste<br />
conforme o Mun<strong>do</strong> espiritual, e um e outro conforme o Divino; (...) todas as coisas<br />
subsistem conforme algo anterior a elas próprias, ou seja, conforme uma Primeira, da qual<br />
conseqüentemente não podem ser separadas sem perecer e sem se dissipar inteiramente.<br />
(...) daí resulta que, através das correspondências, o homem estabelece comunicação com<br />
o céu; (...) É para que haja conjunção <strong>do</strong> Céu com o homem que a Palavra foi escrita<br />
através de puras correspondências, de fato, todas e cada uma das coisas que estão na