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texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

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Louco embora, sua loucura, entretanto, é venerável: Nietzsche agora ficará no mun<strong>do</strong> com um<br />

ôlho rubro, sem pálpebras, a perseguir to<strong>do</strong>s os comediantes com pretensões a serem toma<strong>do</strong>s a<br />

sério, tôdas as fofidades, tôdas as falsas qualidades pretendentes a uma cotação. (VITOR, 1969,<br />

341)<br />

Finaliza, ainda, o seu artigo com uma ressalva aos leitores, dizen<strong>do</strong> que se eles<br />

não sentirem confiança em si mesmos, não leiam Nietzsche, pois, no final, ficaram<br />

valen<strong>do</strong> menos <strong>do</strong> que supunham valer antes da leitura. Nietzsche, para VITOR (1969),<br />

possui olhos duros, mas amigos para aqueles que têm valor; mas para os “sêres falsos,<br />

para as falsas inteligências, para os falsos corações” (VITOR, 1969, 341) eles são<br />

implacáveis, irônicos e fatais.<br />

Já o artigo de José VERÍSSIMO (2001), intitula<strong>do</strong> Nietzsche, foi publica<strong>do</strong><br />

dentro da série de três volumes de artigos que o crítico escreveu intitulada Homens e<br />

coisas estrangeiras, série escrita entre 1899 e 1908. E foi inseri<strong>do</strong> também no livro Que<br />

é literatura?, de José Veríssimo, publica<strong>do</strong> originalmente em 1907. Ele é resulta<strong>do</strong> não<br />

de leituras da obra <strong>do</strong> filósofo alemão, mas da de comenta<strong>do</strong>res, em especial de Eugène<br />

de Roberty, apesar de citar uma grande quantidade de outros comenta<strong>do</strong>res europeus<br />

que se dedicaram a escrever sobre o filósofo. Disso, pode-se notar a grande quantidade<br />

de informação que existia disponível no Brasil sobre a filosofia nietzschiana.<br />

Neste artigo, introduz-se o pensamento nietzschiano como uma moda que estava<br />

em voga no momento e sua filosofia é descrita como<br />

feita de individualismo, de pessimismo, quiçá de egotismo, de um anarquismo mental e<br />

sentimental, que tu<strong>do</strong> quisera destruir, para criar em lugar um novo mun<strong>do</strong>, onde a expansão <strong>do</strong><br />

indivíduo encontrasse as máximas possibilidades, livre, enfim, de to<strong>do</strong>s os “preconceitos”<br />

sociais, espirituais e morais, que a atrapalham e empecem. (VERÍSSIMO, 2001, 163-164)<br />

Desta descrição, caminha-se para uma postura mais crítica, buscan<strong>do</strong> apontar<br />

que o único objetivo possível para a vida, de acor<strong>do</strong> com a filosofia de Nietzsche, seria<br />

a produção de grandes homens e que a divisão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> entre “senhores e escravos, em<br />

fortes e fracos” (VERÍSSIMO, 2001, 164) endeusava a violência, a crueldade, a dureza,<br />

sem nada respeitar, opon<strong>do</strong>-se, assim, ao respeito que outros filósofos, como Kant,<br />

Comte ou Spencer, procuraram demonstrar.<br />

E, dessa postura destrui<strong>do</strong>ra, VERÍSSIMO (2001) argumenta que algo curioso<br />

surge. Não há unanimidade sobre a postura de Nietzsche, nem entre seus discípulos,<br />

nem entre seus adversários. E essa falta de possibilidade de se posicionar perante uma

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