texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná
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parece ser o regresso à primeira edição, mais próxima da vontade <strong>do</strong> poeta. (...) Só duas<br />
edições podem entrar em linha de conta: a última vista pelo próprio autor, a chamada<br />
“edição da última mão” ou “definitiva”, a que representa a sua última vontade, e a<br />
primeira, a “edição princeps”. (KAYSER, 1976, 21-23)<br />
Sen<strong>do</strong> a única edição publicada enquanto Rocha Pombo estava vivo,<br />
tomaremos como base nesse nosso estu<strong>do</strong> sobre No Hospício a primeira edição,<br />
publicada em 1905. Ainda mais porque as demais possuem várias diferenças<br />
editoriais em relação à primeira o que pode ser resulta<strong>do</strong> simplesmente de<br />
mudança de padrões editoriais, como de problemas de revisão. Como em nehuma<br />
das edições posteriores existe alguma nota dizen<strong>do</strong> que as mudanças (muitas vezes<br />
não somente de ortografia ou de outros detalhes editoriais, como as aspas, mas de<br />
mudanças de nomes de personagens ou de pronomes) eram desejo <strong>do</strong> autor,<br />
achamos por bem confiar a elaboração de nosso estu<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> por base somente à<br />
edição princeps conseguida, felizmente, com os préstimos <strong>do</strong>s funcionários da<br />
Biblioteca Nacional e, mais profundamente, <strong>do</strong>s funcionários da biblioteca de<br />
Letras da UFRJ que nos abriram as portas e nos receberam na sua seção de obras<br />
raras, nos dan<strong>do</strong> todas as condições de trabalho.<br />
Para o estu<strong>do</strong> da obra, partimos <strong>do</strong> princípio que é necessário iniciar o<br />
desenvolvimento nela. O nosso trabalho parte <strong>do</strong> pressuposto que se faz necessário<br />
que as idéias surjam de dentro <strong>do</strong> <strong>texto</strong>. Para tanto, mesmo que não estejam citadas<br />
explicitamente no corpo desta dissertação, a presença de algumas idéias devem ser<br />
citadas como referenciais teóricos. Roman INGARDEN (1965), em A obra de arte<br />
literária e Maria Luiza RAMOS (1974), em Fenomenologia da obra de literária,<br />
são parâmetros para a forma como abordaremos o romance de Rocha Pombo.<br />
Ainda como referencial teórico, o livro de Julia KRISTEVA (2005), Introdução à<br />
semanálise, nos dá suporte para pensar o <strong>texto</strong> enquanto espaço construí<strong>do</strong> por<br />
palavras. O livro A personagem de ficção, de CANDIDO, ROSENFELD, PRADO<br />
e GOMES (2000), esteve presente, também, em nossos referenciais, apontan<strong>do</strong><br />
para as características típicas da personagem construída dentro <strong>do</strong> universo<br />
ficcional – em especial os <strong>texto</strong>s de CANDIDO (“A personagem <strong>do</strong> romance”) e de<br />
ROSENFELD (“Literatura e personagem”). Quanto ao narra<strong>do</strong>r, o <strong>texto</strong> de<br />
Umberto ECO (2002), Seis passeios pelos bosques da ficção, foi de grande<br />
importância, assim como o de Jean POUILLON (1974), O tempo no romance, o foi<br />
para a definição de questões sobre o tempo. Quanto a questões mais estruturais,<br />
acabamos por nos manter liga<strong>do</strong>s a estu<strong>do</strong>s clássicos sobre estruturação romanesca,