texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná
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ha de mais perigoso para uma alma é triumphar no mun<strong>do</strong>.” (POMBO, 1905, 135));<br />
LXX, defende a existência de uma Razão Suprema.<br />
LXX – A Razão Suprema disse uma vez á alma: “Olha que eu sou como a corrente<br />
electrica, e tu és como o vehiculo. Não te esqueças de que tens de andar nos trilhos... Si<br />
sais <strong>do</strong>s trilhos, bem sabes que te desligas de mim e, então, já não te poderei impellir.<br />
(POMBO, 1905, 137)<br />
Nesse caderno, Fileto trabalha com a questão da genialidade e como esse<br />
conceito é capaz de gerar a verdadeira arte e, dessa forma, uma visão liberta<strong>do</strong>ra para a<br />
vida. É nesse caderno que Fileto define a questão da arte de forma teórica: arte é<br />
sugestão. Aqui, Fileto se mostra em uma transição entre o que apresentou no primeiro<br />
caderno, muito mais marca<strong>do</strong> por uma ciência positivista, para o que apresentará no<br />
terceiro caderno. Aqui transparece a aceitação de alguns elementos da religião cristã<br />
que, mesmo não sen<strong>do</strong> tomada como base de seu pensamento, pois a sua base estará<br />
colocada sobre a figura de Jesus e não sobre a mitificação cristã feita desse ser, assim<br />
como aparece uma certa recusa da novidade enquanto ideal de vida.<br />
Nessa mesma tentativa <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r de destacar na fala <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> caderno de<br />
Fileto a direção cristã – tema que será cada mais constante na narrativa a partir <strong>do</strong><br />
momento que o narra<strong>do</strong>r define a sua estratégia de ataque, como se abordará na<br />
seqüência –, há também uma definição de um posicionamento estético. Nos trechos<br />
transcritos <strong>do</strong> caderno de Fileto, as referências a uma postura estética para a vida<br />
constroem uma noção de arte enquanto algo vago se visto coletivamente, pois ela se<br />
justificaria somente a partir <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que a criou e esse mun<strong>do</strong> não é o mun<strong>do</strong><br />
objetivo. A arte não deve ser objetiva, mas sugerir o que está queren<strong>do</strong> construir (“O<br />
mais que a arte póde fazer é suggerir...” (POMBO, 1905, 125)). A defesa de algo que é<br />
estrutural no romance permeiam esses aforismos, quan<strong>do</strong> se defende que nada deve ser<br />
dito claramente, negan<strong>do</strong> a objetividade e trabalhan<strong>do</strong> somente pelas diagonais, como o<br />
que acontecera quan<strong>do</strong> da seqüência de episódios sobre a mulher-fantasma, que, assim<br />
que pode ser vista clara e diretamente, era porque estava morta e, não mais fazen<strong>do</strong><br />
parte da ambigüidade (corpo x espírito) deste mun<strong>do</strong>. Ela se mostra para Fileto em<br />
sonho, o que faz com que nem ela esteja no mun<strong>do</strong> físico, nem ele. A objetividade <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> não deve ser trabalhada como algo em si, mas como um aspecto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que<br />
só vale a pena ser usa<strong>do</strong> se ele puder ser conforma<strong>do</strong> com a subjetividade que olha para<br />
esse mun<strong>do</strong> (“Vida é o contrário <strong>do</strong> que disse Spencer – é uma adaptação das<br />
circunstancias exteriores á força interior: quer dizer – uma progressiva submissão <strong>do</strong>