texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná
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11) explicar to<strong>do</strong> o funcionamento <strong>do</strong> universo. Ainda de acor<strong>do</strong> com esse teórico,<br />
o Simbolismo, mesmo nasci<strong>do</strong> nesse perío<strong>do</strong> de euforia não foi o seu coroamento,<br />
mas a sua antítese. Ao mesmo tempo em que se diminuíam as distâncias,<br />
fragmentava-se o mun<strong>do</strong>, dan<strong>do</strong> possibilidades para que o uma visão pessimista em<br />
relação ao progresso ganhasse força. Em novas concepções filosóficas<br />
(Shopenhauer, Bergson), as certezas absolutas são abaladas, deslocan<strong>do</strong> “o pólo <strong>do</strong><br />
objeto para o pólo <strong>do</strong> sujeito” (GOMES, 1994, 12).<br />
Desse con<strong>texto</strong>, duas correntes estabelecem embasamentos semelhantes: o<br />
Simbolismo e o Decadismo. O Decadismo será marcada por uma atuação<br />
pessimista perante a vida, sen<strong>do</strong> caracterizada por um esta<strong>do</strong> de espírito perante o<br />
mun<strong>do</strong>. Essa vertente não chegou a possuir uma grande quantidade de <strong>texto</strong>s<br />
<strong>do</strong>utrinários (GOMES, 1994). A sua característica era de uma atuação pessoal em<br />
realção ao mun<strong>do</strong>, marcada pelo isolamento e o cultivo da beleza.<br />
Estudada a recorrência a certos temas e interesse como o gosto pela atmosfera<br />
medievalizante, mitos e lendas e até a atração pelo oculto e esotérico, percebe-se que a<br />
distância separa o descritismo parnasiano da postura simbolista, situa-se numa nova<br />
relação com o real. Daí que esta temática comum explicar-se-á no plano decadista pela<br />
ânsia de evasão e exótico, enquanto que para o simbolismo participará de um esforço<br />
universalizante em busca de uma harmonia de caráter arquetípico, para situar-se entre os<br />
parnasianos ao nível <strong>do</strong> décor e <strong>do</strong> circunstancial. (CAROLLO, 1980, 1-2)<br />
A outra vertente, o Simbolismo, desenvolve uma estética voltada para o eu,<br />
buscan<strong>do</strong> estratos profun<strong>do</strong>s no interior <strong>do</strong> ser. Nessa, a questão não era a<br />
consolidação de um modelo de vida que estava em voga no momento, mas a<br />
elaboração de uma arte que satisfizesse os ideais desse espírito <strong>do</strong> momento. Tanto<br />
que diversos foram os seus <strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>res, diversos os manifestos escritos, mesmo<br />
que muitos deles nunca chegassem a produzir obras de arte stricto sensu.<br />
Efetivamente, o que se pode observar é que esses manifestos eram, em grande<br />
medida, a própria arte necessária, a própria transfiguração <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que se<br />
necessita para a arte.<br />
Em determina<strong>do</strong> momento, houve uma escola e um <strong>do</strong>gma em cada uma dessas salas<br />
privilegiadas. Fundava-se no mesmo instante uma revista, para a qual ninguém podia<br />
prever os meios de subsistência. Mas pouco importava. O essencial era encontrar o título e<br />
redigir o manifesto. Essa era a grande questão. Ocorria que a redação <strong>do</strong> manifesto já<br />
inflamava cartas e pessoas. A metade de nossos funda<strong>do</strong>res fazia um cisma e mudava de<br />
café... (VALÉRY, 1999, 73)