01.06.2013 Views

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Manifestações ligadas às questões simbolistas já vinham ocorren<strong>do</strong> em nossas<br />

Letras há alguns anos, provindas das influências das idéias de Baudelaire e Verlaine. Já<br />

em 1872, Carlos Ferreira publicou um poema, Alciones, de caráter baudelaireiano<br />

(MOISÉS, 1988). Amplian<strong>do</strong> a influência de Baudelaire, diversos outros poetas<br />

começam a trabalhar com temas liga<strong>do</strong>s às idéias de decadência. A não adaptação, as<br />

nevroses, o tédio, são temas aborda<strong>do</strong>s constantemente pelos escritores brasileiros.<br />

Em 1883, Raul Pompéia irá começar a publicar as Canções sem metro,<br />

trabalhan<strong>do</strong> ora com o verso livre, ora com o poema em prosa. Pompéia é segui<strong>do</strong> por<br />

Cruz e Sousa, quan<strong>do</strong> este publica, em 1885, um volume de poemas em prosa (Tropos e<br />

Fantasias).<br />

Mas é Medeiros e Albuquerque que traz para o Brasil boa parte <strong>do</strong> material<br />

produzi<strong>do</strong> na França pelos poetas que estavam revolucionan<strong>do</strong> a literatura. Textos de<br />

Verlaine, Mallarmé, René Ghil, St. Merrill, Moréas, Paul Adam acabaram vin<strong>do</strong> para<br />

terras brasileiras por seu intermédio. Esses escritos, liga<strong>do</strong>s a uma revolta que ocorria na<br />

França contra o Realismo, dará ânimo para os experimentos literários no Brasil. Após<br />

1887, o Brasil verá uma série de campanhas em favor das idéias simbolistas.<br />

Como na Europa, a escola simbolista brasileira nunca foi hegemônica e sempre<br />

esteve ligada a pequenos grupos. Entretanto, por aqui, esses grupos nem chegaram a se<br />

constituir de forma autônoma. Araripe Júnior verá os simbolistas como uma pequena<br />

casta de parnasianos (MOISÉS, 1988). Esse pequeno grupo ganhará mais definição <strong>do</strong><br />

que força no início da década de 1890. A ampliação desse movimento esbarrou, no caso<br />

brasileiro, em alguns problemas de ordem prática: a teoria simbolista pressupunha um<br />

leitor extremamente bem forma<strong>do</strong>, capaz de dar conta de leituras complexas. O livro é<br />

visto como um espaço de significação, utilizan<strong>do</strong> efeitos e recursos tipográficos, cores,<br />

ilustrações integradas ao <strong>texto</strong>, além de papéis especiais. A ampliação <strong>do</strong> público leitor<br />

se torna atrofiada pois no Brasil a cultura de consumo de obras literárias é reduzida,<br />

tanto quanto o é o público capaz de comprar as edições caras produzidas pelos<br />

simbolistas. Isso fez com que os leitores de <strong>texto</strong>s simbolistas acabassem fican<strong>do</strong><br />

restritos quase que aos próprios escritores e se buscasse escrever pensan<strong>do</strong> em um<br />

público que não estava aqui no Brasil, mas na Europa, apesar de praticamente só serem<br />

li<strong>do</strong>s pelos seus conterrâneos (CANDIDO, 2000).<br />

Tal fato não afetava os escritores naturalistas e realistas, já que esses possuíam<br />

acesso a um espaço mais democrático de divulgação de suas obras: o jornal.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!