01.06.2013 Views

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

dentro delas. É nesse ponto que esse é um campo fértil para o surgimento <strong>do</strong> além-<br />

<strong>do</strong>-homem. Aquele que se destaca da multidão, mas não para comandá-la. Não<br />

para se tornar seu sacer<strong>do</strong>te. O além-<strong>do</strong>-homem deverá ter a sua própria visão<br />

sobre o mun<strong>do</strong>. Zaratustra, ao mesmo tempo em que possui discípulos, espera ser<br />

nega<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s. A sua forma de ver a vida ao mesmo tempo em que está<br />

disponível no mun<strong>do</strong> para to<strong>do</strong>s, não deveria ser aceita por ninguém 37 . Tanto que<br />

não interessa qual é a descoberta que Zaratustra faz sobre a vida. O que interessa é<br />

que ele descobriu o que lhe é particular na vida, aquilo que dá a vida a feição de<br />

arte, e, por isso mesmo, não-verdadeira a mais ninguém.<br />

Expôs-se, até aqui, a teoria sobre a necessidade da arte como justificativa da<br />

vida. A arte, até aqui está sen<strong>do</strong> tomada como a atividade metafísica (ou seja, a<br />

fundamentação última) da própria existência <strong>do</strong> homem. “A existência <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

só se justifica como fenômeno estético” (NIETZSCHE, 1999a, 18).<br />

Rocha Pombo, em seu romance, acaba por produzir toda uma teoria estética<br />

com base nos modelos simbolistas. Muito desse embasamento está concordan<strong>do</strong><br />

com a filosofia nietzschiana, em especial com a sua parte sobre estética. A<br />

produção de uma arte para espíritos eleva<strong>do</strong>s, somente para aqueles que estão<br />

aptos a receber essa nova arte. O embasamento <strong>do</strong> romance, seguin<strong>do</strong> pelo<br />

caminho <strong>do</strong> idealismo faz com que ele se distancie <strong>do</strong>s objetivos finais da filosofia<br />

nietzschiana, mas não a negue completamente. A consolidação de um mun<strong>do</strong><br />

pauta<strong>do</strong> pelo indivíduo, mesmo que, como no caso <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r, siga os passos de<br />

uma estruturação já existente (no caso, os passos de Jesus), não abole a completa<br />

independência de espírito desse ser, que faz a sua leitura de uma obra (seja ela<br />

religiosa, literária, filosófica ou até mesmo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> como uma grande criação<br />

ficcional).<br />

37 A essa afirmação, faz-se necessário o subtítulo <strong>do</strong> capítulo que trata de Assim falou<br />

Zaratustra, (“Um livro para to<strong>do</strong>s e para ninguém”) presente em Ecce Homo. (NIETZSCHE,<br />

F. Ecce Homo – como alguém se torna o que é. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo:<br />

Companhia das Letras, 2001. 82.)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!