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texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

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admirais os grandes homens, os proprios genios, porque lhes desconheceis os processos<br />

ou não os analysais...<br />

XIX. – Nietzsche diz que leu Carlyle e chama Sartor Resartus de “interpretação<br />

heroico-moral das affecções dyspepticas”. Facilmente se comprehende a incapacidade<br />

de Nietzsche para estudar Carlyle. – mas este Nietzsche não encontrou um espirito que<br />

lhe merecesse ao menos respeito!... Afigura-se que o homem ouvin<strong>do</strong> ler este trecho: “O<br />

poeta lyrico ficou por muito tempo uni<strong>do</strong> ao musico...”, irritou-se, ergueu-se, arregaçou<br />

os punhos e investiu... Mas de repente, eis que lhe mostraram que o trecho é... delle<br />

mesmo!... – Só de Emerson não disse o homem grande mal, mas talvez porque<br />

precisava de empurral0o sobre Carlyle...<br />

XX. – “Darwin esqueceu o espirito, e isso é bem ingl6ez (e mais allemão ainda –<br />

accrescentaria eu): os fracos têm mais espirito.” Isto diz Nietzsche combaten<strong>do</strong> a<br />

theoria da selecção de Darwin. Ponhamos de la<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o paralogismo, ou antes o<br />

absur<strong>do</strong>, e sigamos o philosofo de Rœcken. Mas por que será então que os fracos têm<br />

mais espirito <strong>do</strong> que os fortes? – É simples – responde-nos elle: é preciso ter<br />

necessidade de espirito para chegar a ter espirito. De sorte que, depois de Nietzsche,<br />

podemos affirmar, sem vacillação, “que os pobres têm mais dinheiro <strong>do</strong> que os ricos”...<br />

E porque? Ora, porque... Porque é preciso ter necessidade de dinheiro para chegar a ter<br />

dinheiro... – Entende Nietzsche que o tal espirito <strong>do</strong>s fracos vence a força <strong>do</strong>s fortes e<br />

que portanto a luta pela vida terminará em detrimento destes ultimos. “As especies não<br />

crescem de mo<strong>do</strong> algum, no senti<strong>do</strong> da perfeição: os fracos acabam sempre por se<br />

tornarem senhores <strong>do</strong>s fortes, pois elles têm o grande numero e são tambem mais<br />

velhacos...” – É incrivel! Nem na sociologia, nem na historia natural este homem souve<br />

vêr! Na sociologia os fracos sahem da miseria por um triumpho cada vez mais completo<br />

da moral sobre o espirito <strong>do</strong>s fortes. Na historia natural esse triumpho é ainda<br />

impossivel e a selecção de Darwin é uma verdade eterna.<br />

XXI. – Si tu não crêas ainda é porque não tens ainda intensa a vitalidade <strong>do</strong> teu<br />

espirito para crear... Não te impacientes, pois...<br />

XXII. – Por mim, affirmo: mesmo neste mun<strong>do</strong> se póde ser bastante feliz.<br />

Quereis porventura uma alegria mais simples, mais profunda e mais consola<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> que<br />

a de um espirito que se poude encontrar com outro espirito? Dizei-me: só a felicidade de<br />

podermos reconhecer o genio não é já uma grande compensação ás durezas da vida?<br />

XXIII. – Convencei-vos: é rara a alma que, bem conhecida, não nos encante.

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