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texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

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fórma individual da caonsciencia – como explicareis os grandes genios antigos? A<br />

materia já deu espirito? A noite já produziu dia? Da morte já veio, porventura, a vida?<br />

IV. – Creio que é muito mais legitimamente humana esta sagrada vacillação <strong>do</strong><br />

meu espirito ante as coisas que vejo e que sinto... O verdadeiro espirito vacilla sempre.<br />

Mas, vacilla. Vacillar não é duvidar. Vacillar quer dizer – não ter certeza de que não<br />

exista uma verdade outra ou uma verdade acima da verdade que se conhece... – Só não<br />

vacilla o instinctivo. – Portanto, aquillo a que se dá, commummente, o nome de caracter<br />

entre os homens <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, não é mais, talvez, <strong>do</strong> que um indicio de inferioridade<br />

moral. Baixai na escala da vida, e encontrareis, sempre, mais caracter... A hyena tem<br />

mais caracter <strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s os homens que se jactam de ter caracter...<br />

V. – Dou mais por quem sabe ouvir. Em regra, nos diz pouco aquelle que tem<br />

muita soffreguidão de dizer...<br />

VI. – Pensais, porventura, que são grandes to<strong>do</strong>s os que merecem sel-o? ou que,<br />

to<strong>do</strong>s os que o merecem, chegam a ser grandes no mun<strong>do</strong>? ou que to<strong>do</strong>s os que são<br />

grandes, o são por que merecem sel-o?<br />

VII. – A gtragedia nasceu da insufficiencia da palavra para dar, só por si, toda a<br />

intensidade da vida interior. Nasceu, portanto, da necessidade de conpletar, pela acção,<br />

a eloquencia <strong>do</strong>s signos. Como o gesto para a palavra, é a acção tragica para as<br />

emoções.<br />

VIII. – Não tolero que me obriguem a dizer tu<strong>do</strong>... Quero que me entendam por<br />

uma palavra, por um movimento, por um signal. É por isso que acredito que uma nova<br />

arte ainda está por vir, uma arte para os espiritos: uma aarte que nos revele as grandes<br />

figuras apenas pelas diagonaes...<br />

IX. – Só se cuida muito da fórma quan<strong>do</strong> não se é um espirito. A grande questão,<br />

para o legitimo espiritual, é achar a palavra, o signo da vida...<br />

X. – Ha escriptores vicia<strong>do</strong>s pela preoccupação <strong>do</strong> dizer novo. Alguns, até, são<br />

grandes, mas, por gosto, fazem-se obscuros. Um genio que prefere a sombra á luz, a<br />

nevoa á claridade divina – me desconsola. – Muitos modernos – aliás espiritos de<br />

primeira plana – gostam da antithese, <strong>do</strong> bizarro, <strong>do</strong> absur<strong>do</strong>, <strong>do</strong> monstruoso até,<br />

occultan<strong>do</strong> o que é simples e grande. Vêde Carlyle, Goethe, Novalis, Emerson,<br />

Nietzsche...<br />

XI. – To<strong>do</strong> homem é um espirito; a questão é revelar-se. Quan<strong>do</strong> um espirito não<br />

entende outro, é que ha no outro algum defeito de revelação. Ou então, a verdade

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