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texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

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Quanto ao início, o movimento é controverso. As datas iniciais são pouco<br />

unânimes, ten<strong>do</strong> alguns que consideram que o Simbolismo surge já com Baudelaire<br />

(quan<strong>do</strong> da publicação de As flores <strong>do</strong> mal, em 1857), como GOMES (1994),<br />

enquanto que outros consideram Baudelaire um romantico tardio (BALAKIAN,<br />

2000) e que o Simbolismo só iria ocorrer nos anos de 1880. Já uma outra vertente é<br />

de considerar que o Simbolismo nunca chegou a ser uma escola propriamente dita,<br />

mas um grande conjunto de tendências, como o fez Paul VALÉRY (1999).<br />

O que foi batiza<strong>do</strong> de Simbolismo resume-se simplesmente na intensão comum a diversas<br />

famílias de poetas de resgatar da música o seu bem... (VALÉRY, 1999, 30)<br />

Levan<strong>do</strong>-se em conta somente as questões de conteú<strong>do</strong>, é possível colocar o<br />

início <strong>do</strong> Simbolismo na obra de Baudelaire, pois ela já traz, desde mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s<br />

anos 1850, em seus <strong>texto</strong>s, aquilo que seria mais caro aos poetas simbolistas: as<br />

correspondências, como será aborda<strong>do</strong> na seqüência. Se os teóricos divergem<br />

quanto à questão da origem, as intenções <strong>do</strong> Simbolismo são definidas de forma<br />

unânime. Os simbolistas cruzam a “zona <strong>do</strong> consciente” (MOISÉS, 1984, 9) em<br />

direção a momentos anteriores à fala e à lógica. Buscaram a aproximação da poesia<br />

e da música, forçan<strong>do</strong> a linguagem a caminhar em direção a uma expressão não-<br />

lógica. Esse caminhar em direção <strong>do</strong> inefável, faz com que os poetas simbolistas<br />

produzissem imagens idealizadas e que, desta forma, buscassem elevar os seus<br />

espíritos para uma real compreensão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, não somente material, como estava<br />

sen<strong>do</strong> pratica<strong>do</strong> no Ocidente, mas também o mun<strong>do</strong> espiritual, que não podia estar<br />

desliga<strong>do</strong> <strong>do</strong> primeiro sob pena de incompletude. Entretanto, como essa<br />

compreensão <strong>do</strong> to<strong>do</strong> só pode ser mediada pelo sujeito e, qualquer tentativa de<br />

explicitar por meio de um sistema lógico (a linguagem tradicional, por exemplo)<br />

essa visão ontológica seria, ela mesma, um reducionismo. Daí a necessidade não de<br />

compreender o mun<strong>do</strong>, mas de senti-lo, de ser capaz de sugeri-lo.<br />

Invadiam os desvãos <strong>do</strong> universo íntimo de cada um, onde reinam o caos e a anarquia,<br />

vivências fluidas, pré-lógicas, inefáveis. Descobri-las ou surpreendê-las como a boiar<br />

sobre as águas dum lago recôndito, examiná-las e “senti-las”, – eis a suprema quimera.<br />

(MOISÉS, 1984, 9)<br />

No romance No hospício, de Rocha Pombo, essa questão da sugestividade<br />

da linguagem aparece repetidas vezes. Sempre ela aponta para a limitação de

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