texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná
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cerebro... O que me parece que o sr. me quer dizer já me disseram aqui quan<strong>do</strong> alarmei a<br />
casa na primeira noite em que me appareceu aquelle phantasma...” (POMBO, 1905, 113-<br />
114)<br />
O segun<strong>do</strong> caderno, Fragmentos (ANEXO 03), é entregue juntamente com o<br />
primeiro, mas é somente nesse que o narra<strong>do</strong>r parece encontrar o espírito de Fileto, ou o<br />
que ele espera ser o espírito de Fileto e para o qual o narra<strong>do</strong>r vem preparan<strong>do</strong> o leitor<br />
desde o início <strong>do</strong> romance.<br />
Tomei aquelles Fragmentos com a soffreguidão de um faminto que apanha<br />
um farto cibo, e des das primeiras paginas, a minha alegria foi crescen<strong>do</strong> e<br />
se foi tornan<strong>do</strong> solenne. Pareceu-me logo que só ali eu me encontrava com<br />
o espirito de Fileto. (POMBO, 1905, 124)<br />
Esse segun<strong>do</strong> caderno traz uma quantidade considerável de aforismos (são<br />
setenta pequenos <strong>texto</strong>s), que tratam de assuntos varia<strong>do</strong>s, abordan<strong>do</strong> questões <strong>do</strong><br />
espírito, da arte e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. No aforismo XI, defende-se a necessidade de revelação<br />
(“To<strong>do</strong> homem é um espirito; a questão é revelar-se. Quan<strong>do</strong> um espirito não entende a<br />
outro, é que há no outro algum defeito de revelação.” (POMBO, 1905, 127)); no XV,<br />
critica a falta de metafísica na filosofia de Nietzsche (“⎯ Oh! a tal concepção<br />
dyonisiana da vida... uma concepção puramente artistica, anti-cristã... (...) e isto porque<br />
entendeis que Jesus é a negação da vida... Mas então, que entendeis vós que seja a<br />
vida?” (POMBO, 1905, 128)); no XVII, diferencia o crime <strong>do</strong> peca<strong>do</strong> (“A lei antiga<br />
punia o crime: a lei de Jesus (a que veiu regular a genese espiritual) pune o peca<strong>do</strong> –<br />
quer dizer o crime ainda na consciencia... Vêde e si comprehendeis o alcance disto...”<br />
(POMBO, 1905, 128)); no XXX e no XXXVI, defende a supremacia da alma sobre o<br />
corpo (“Uma alma me interessa muito e muito mais <strong>do</strong> que uma nação...” (POMBO,<br />
1905, 131); “Pascal ha de ter cada vez mais razão no odio que votou á sua carne. Passar<br />
era a aspiração suprema <strong>do</strong> seu grande espirito” (POMBO, 1905, 133)); no XXXVIII,<br />
considera a alma a eloqüência mais viva da existência de Deus (“Mas não esqueçamos<br />
que a alma humana é a eloquencia mais viva de Deus...” (POMBO, 1905, 133)); no L,<br />
ataca a caridade e a misericórdia, pois qualquer coisa que venha a saciar somente a<br />
carne acaba por matar a alma (“As esmolas <strong>do</strong>s homens matam a fome, mas tambem<br />
matam a alma. (...) Um homem não tem direito de dar por misericordia.” (POMBO,<br />
1905, 134-135)); no LI, considera um perigo para o espírito o triunfo no mun<strong>do</strong> (O que