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texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

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se arrebata<strong>do</strong> á vida o seu centro de gravidade.” Eu só transcrevo esses trechos para sentirlhes<br />

melhor o espantoso absur<strong>do</strong>. (POMBO, 1905, 132)<br />

Critican<strong>do</strong> a opção de Nietzsche pela noção de força, em três passagens<br />

Fileto argumenta que para o forte interessanva a que a religião não fosse pautada<br />

pela misericórdia e o perdão, mas pela força. Mas questiona-se sobre a real<br />

existência da força, uma vez que, para se ter força, é necessário que se tenha outra<br />

coisa, nesse caso, que se acredite em algo com tanta intensidade que de lá surgirá a<br />

força.<br />

XXXV. – A definição que Nietzsche dá de arte e de sentimento esthetico é a mesma de<br />

Augusto Comte... aliás o philosopho que elle considera como o mais avisa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Jesuitas,<br />

porque... se inspirára na Immitação de Jesus. E ainda teve esta ironia: “Eu vos creio: a<br />

religião <strong>do</strong> coração...” O forte queria a religião da força. (POMBO, 1905, 132-133)<br />

XLIV. – Que é ser forte então, caro Nietzsche? Sem fanatismo não ha heróes. Logo, ser<br />

forte não é ter força... (POMBO, 1905, 134)<br />

LX. – Comprehen<strong>do</strong> a fortaleza moral – essa inalteravel serenidade da Fé que é o ultimo<br />

reducto indestructivel da consciencia humana. O mais, meu caro Nietzsche, esse ufania da<br />

força que proclamas, não é de um superior, e sobretu<strong>do</strong> de um verdadeiro espiritual. Esses<br />

heroismos não competem ás almas. (POMBO, 1905, 136)<br />

De acor<strong>do</strong> com Fileto, a negação da inspiração artística para Nietzsche tem<br />

como fundamento a própria palavra “inspiração”. Como “alguém inspira<strong>do</strong>”<br />

assemelha-se a alguns que receberam um <strong>do</strong>m, isso não poderia ser, uma vez que<br />

se teria a necessidade de se negar a Deus. O que Fileto desconsidera é que, na<br />

própria frase que usa de exemplo, não se está falan<strong>do</strong> em inspiração para a<br />

construção de obras de arte, mas em constituição física de um corpo que crie<br />

condições tais que se torna possível a contemplação estética, deixan<strong>do</strong> de la<strong>do</strong> a<br />

questão divina.<br />

LVI. – Nietzsche não crê naquillo que em arte se chama inspiração, mas crê na contensão<br />

espiritual; crê que “não ha contemplação esthetica sem uma condição physiologica<br />

preliminar, uma especie de inebriamento que exalte a irritabilidade de toda a machina.”<br />

Creio que elle se contradisse porque o vocabulo inspiração lhe cheirou a coisa divina... Si<br />

elle ouvisse dizer que o diabo tambem inspira, é provavel que crêsse em inspiração...<br />

(POMBO, 1905, 135)<br />

Novamente, argumenta-se sobre a vastidão de espírito de Nietzsche e sobre<br />

a sua incompletude em vida. Como se sua filosofia estivesse defenden<strong>do</strong> algo, mas<br />

que seria somente o começo de uma síntese moral que viria a se realizar caso ele

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