texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná
texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná
texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Pensan<strong>do</strong> em comparação com as obras realistas e parnasianas o livro simbolista contrasta<br />
imediatamente por suas dimensões, número de páginas, pelo luxo e, conseqüentemente,<br />
seja por exigências previamente debilitadas ou por imposições materiais, pela tiragem<br />
reduzida. (CAROLLO, 1980, XVI)<br />
As revistas simbolistas e decadistas no Brasil, diferentemente da Europa (onde o<br />
público consumi<strong>do</strong>r deste tipo de literatura era numericamente muito superior), se<br />
caracterizaram por serem revistas de pequenas tiragens, quase sempre distribuídas<br />
dentro <strong>do</strong> mesmo grupo de escritores que as produzia.<br />
Esse clima de elitização da arte simbolistas não gerou grupos totalmente<br />
fecha<strong>do</strong>s às influências presentes no universo literário brasileiro. O trânsito entre a<br />
estética parnasiana e a simbolistas, ou até mesmo a decadente, era constante. O<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> ideal da arte pela arte, constantemente atribuí<strong>do</strong> aos parnasianos,<br />
estará presente dentro das obras <strong>do</strong>s simbolistas e decadistas brasileiras. Mas, além de<br />
ficarem presos às questões formais, os simbolistas – seguin<strong>do</strong> os passos <strong>do</strong>s escritores<br />
europeus dessa estética – possuem uma preocupação grande com questões pertinentes à<br />
existência humana. Porém, os escritores brasileiros estarão menos preocupa<strong>do</strong>s com<br />
inovações da linguagem poética, apesar de incorporarem grande parte das questões<br />
debatidas na Europa (CAROLLO, 1980).<br />
Os manifestos simbolistas não são constantes em território brasileiro. Os artigos<br />
e <strong>texto</strong>s diversos sobre o movimento costumam falar sobre a situação <strong>do</strong> simbolismo na<br />
Europa ou traçar comentários sobre obras escritas principalmente na França.<br />
Em um <strong>texto</strong> de Luiz Murat, de 18 de dezembro de 1885 (MURAT In<br />
CAROLLO, 1980, 24), pode-se ver como inicia-se o caminhar para o simbolismo entre<br />
os escritores brasileiros: “Idealizar sobre um objeto que nos impressiona, eis o fim da<br />
arte moderna”. Porém, essa idéia poderia ser aplicada facilmente à estética parnasiana,<br />
quan<strong>do</strong> esta assume postura descritiva sobre objetos artísticos.<br />
Mas, pouco dias depois, Murat defende, em outro artigo, que essa idealização<br />
deve ser irregular, provin<strong>do</strong> de um excesso descritivo <strong>do</strong>s sentimentos e das idéias <strong>do</strong><br />
poeta. Aqui, já se pode ver uma defesa <strong>do</strong> vago. O excesso descritivo <strong>do</strong>s sentimentos<br />
acaba por distorcer a realidade objetiva, forçan<strong>do</strong> a uma visualidade pessoal sobre<br />
mun<strong>do</strong>. O poeta deverá movimentar-se em direção ao infinito, passan<strong>do</strong> por sobre as<br />
barreiras sociais impostas contra a liberdade expressiva.<br />
Essa forma de pensar, iniciada em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 1880, acabará resultan<strong>do</strong> em<br />
pensamentos muito mais estrutura<strong>do</strong>s e fortes em defesa <strong>do</strong>s ideais simbolistas.<br />
Emiliano Perneta, em artigo escrito para o Club Curitibano, em 1895, irá colocar que o