01.06.2013 Views

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

pupullas só para os astros... Que coisa sagrada a Vida! – Ali estava, a meus pés, como<br />

um vasto lençol de chumbo, o Atlantico venci<strong>do</strong>. – Oh! Oceano – clamei – oh! deus<br />

antigo tu que rugias e me espantavas... estàs agora submisso e immoto... Que é das tuas<br />

iras, então? Que é das tuas tempestades? Onde se esconderam os Adamastores que se<br />

levantam <strong>do</strong> teu seio? – Ali estivemos longo tempo, immoveis, commovi<strong>do</strong>s, a meditar.<br />

– Então – perguntei ao anjo – devo crer que ha por ali almas que desvendam as<br />

maravilhas <strong>do</strong> ceu e da terra...É preciso que me convença de que ha, no meio daquella<br />

sordida lama, umas creaturas que se chamam genios...? – E de subito: – Mas aquelles<br />

pontos que vejo destacar e crescer? – perguntei curioso. – “São homens – responde-me<br />

o anjo: são homens que vêm no teu caminho...” – Homens? – “Sim: homens, e<br />

verdadeiramente homens.” – Então, ali os homens são maiores <strong>do</strong> que as nações? –<br />

“Muito maiores... As nações existem por elles. Ali ha homens maiores até <strong>do</strong> que<br />

continentes e <strong>do</strong> que civilisações inteiras.”Eu estava abysma<strong>do</strong>! – E de onde vêm elles?<br />

– “De onde é mais grave: Por ali vêm elles”. – No meu assombro ainda pude dizer: –<br />

Mas que diabo! aquelles estão crescen<strong>do</strong> muito depressa... – “E si não queres vel-os<br />

maiores e á custa da tua pequenez... caminha tu, meu caro.” E com uma solennidade que<br />

me apavorou: – “Aqui no Tempo não se descansa. Tu já excedeste a Terra: agora é<br />

preciso ir além. Tua vida carece de espaço e de humus novo. Outros mun<strong>do</strong>s te<br />

acenam.” E nem tinha acaba<strong>do</strong> de dizer, ouvi reboar um clamor colossal pelo infinito a<br />

fóra: “Velho Jupiter! oh velho Jupiter! espera, velho Jupiter!” – Sinto uma vertigem.<br />

Acor<strong>do</strong> espanta<strong>do</strong> e sereno, no meio de uma extensa planura cheia de coisas estranhas.<br />

O anjo estava junto de mim, a gozar <strong>do</strong> meu espanto. Ergui<strong>do</strong> e ufano, idicou-me no<br />

indefini<strong>do</strong> <strong>do</strong> espaço um ponto negro quasi imperceptivel, dizen<strong>do</strong>-me: – “Olha agora a<br />

Terra”. Em breve começaram a apparecer uns homens... mas homens <strong>do</strong> meu tamanho<br />

e, muitos, ainda maiores... E quan<strong>do</strong> procuro o meu companheiro, para interrogal-o,<br />

tinha desappareci<strong>do</strong>... E esta! aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> em Jupiter!<br />

A MONTANHA. – Vêm lá das estancias polares os vendavaes, trazen<strong>do</strong> a ruina e a<br />

morte, devastan<strong>do</strong> a explanada. Sob luar agoirento, parece que o espaço está cheio de<br />

sombras que se laceram. Ha uma orchestra infernal de uivos pela campanha, e dir-se-ia<br />

que o cataclysmo abala e faz gemer a natureza. Só no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> horizonte – colossal,<br />

erecta, inabalavel – se ergue a montanha!

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!