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texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

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A impossibilidade de definir a beleza uma vez que só pode ser definida pela sua<br />

maior concentração de possibilidades de reconhecimento das correspondências, e elas<br />

são resulta<strong>do</strong> de uma busca pessoal por senti<strong>do</strong> – apesar de existirem independente da<br />

compreensão <strong>do</strong>s indivíduos – faz com que cada um defina os seus padrões de beleza. E<br />

com isso, pode-se dizer que, então, não existe uma beleza. E seria exatamente nisso que<br />

um engano crucial pode ocorrer. A beleza que existe é fruto uma relação de<br />

correspondência entre o nosso mun<strong>do</strong> e algo em um mun<strong>do</strong> espiritual e mais eleva<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

que o nosso. Desta forma, tu<strong>do</strong> pode ser belo. Por caminhos diferentes, cada indivíduo<br />

pode atingir a transcendência. O importante não é aceitar padrões, mas compreender<br />

relações, pois são elas as “chaves” para o absoluto. O caminho não importa, pois todas<br />

as coisas possuem correspondência com o outro mun<strong>do</strong>.<br />

Esse mun<strong>do</strong> romântico, mesmo que abrin<strong>do</strong> a possibilidade de uma vivência<br />

individual, ainda pressupõe a redenção. Enquanto redenção para o Romantismo está se<br />

pensan<strong>do</strong> em uma possibilidade de superação da dualidade entre o mun<strong>do</strong> material –<br />

que impede a realização das possibilidades vislumbradas pelo individuo – e o mun<strong>do</strong><br />

transcendente – local de onde o individuo irá retirar as suas bases para a sua vida neste<br />

mun<strong>do</strong>. A redenção é a possibilidade de incorporação no to<strong>do</strong>; é quan<strong>do</strong> o ser percebe<br />

que não existe mais a necessidade da <strong>do</strong>r, seja ela de qual origem for – e no caso <strong>do</strong><br />

Romantismo, ela é fruto da impossibilidade de realizar no mun<strong>do</strong> material aquilo que o<br />

ser percebeu ser a verdade, já que ela está colocada em outro plano. Encontradas as<br />

correspondências entre os mun<strong>do</strong>s, se tornaria impossível suas negações. Ao<br />

compreender que esse nosso mun<strong>do</strong> material é forma<strong>do</strong> a partir de um outro mais<br />

eleva<strong>do</strong>, seria impossível a vida para a matéria. É necessária a subordinação ao outro<br />

estágio. Ou seja, por maior que seja a liberdade dada ao indivíduo, ele está<br />

necessariamente preso sob amarras de uma força maior <strong>do</strong> que ele. E é a fusão com essa<br />

força maior que trará a redenção para o romântico.<br />

Isso é uma constante no Romantismo. É um momento que se exalta o gênio.<br />

E de gênios, a literatura francesa – assim como qualquer outra literatura nacional –<br />

estava cheia. A primeira metade <strong>do</strong> século XIX na França será marcada pelo<br />

apogeu <strong>do</strong> Romantismo: Lamartine, Hugo, Musset, Vigny (VALÉRY, 1999). Esses<br />

representantes <strong>do</strong> apogeu <strong>do</strong> Romantismo, segun<strong>do</strong> GOMES (1994), já usavam<br />

algumas características, mas em grau menor e sem a profunda reflexão que as<br />

marcará no Simbolismo: Vigni usava o símbolo; Hugo dá mais plasticidade à

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