01.06.2013 Views

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

immensa que repercutiu para uma e outra banda, até os Uraes e até os Apalaches,<br />

emquanto a minha saliva ia cahir no Atlantico. – Mas onde está povo ali? perguntei: não<br />

vejo nada. – “Ora... não vale a pena... Non ragionam di lor... Fomos. De repente, sinto<br />

nos meus pés bafejos mornos... – e uma tenue poeira... e uns movimentos desordena<strong>do</strong>s.<br />

Era uma tempestade là em baixo... explicou-me o anjo. – “Imagina – accrescentou elle –<br />

como ha me<strong>do</strong>... e como se morre agora por ali...” – Passa<strong>do</strong> um instante, estavamos<br />

com o de<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r sobre a China. Notei que por ali havia ainda mais borborinho <strong>do</strong><br />

que na Inglaterra. – “Mas isto aqui é serio – disse-me o anjo. Examina bem e vê si não<br />

discernes por ali uns movimentos estranhos”. Eu estava curioso por saber o que é que<br />

fazia aquelle vasto formigueiro, mas nada entendia. – “Pois, tu<strong>do</strong> aquillo é guerra que<br />

vai estrondan<strong>do</strong> neste fim de mun<strong>do</strong>...” – Que estás a dizer... guerra? – inquiri, meio<br />

incredulo. – “Duvidas? Dá-me um pouco o teu canivete.” E o meu companheiro meteu a<br />

pontasinha <strong>do</strong> meu canivete na China, e trouxe de là qualquer coisa, que approximou<br />

muito <strong>do</strong> meu microscopio, dizen<strong>do</strong>-me: – Ora, vê: creio que ahi tens a grande parte de<br />

Pe-tchi-li... Olha como ha povo ahi a bolir em Pekim...” – Povo? – “Sim, senhor. Tu<strong>do</strong><br />

isso amarello que ahi está é povo... e povo insurgi<strong>do</strong> como gente... para dar boa lição á<br />

corja... Quanto clamor e quanto canhão por ali... Como andarão agitadas as almas <strong>do</strong>s<br />

Tuan... Bemditas... bemditas!...” Eu nada entendi. Entreguei ao anjo o canivete com<br />

Pekim e tu<strong>do</strong>. O anjo então ergueu a cabeça para o occiedente, e vociferou: - “Ah! não<br />

fosse metter-se a tralhão com as Leis, o meu gosto agora seria lançar isto sobre a cara<br />

daquella filha de Cavandish e de Morgan, aquella Europa damnada!” Abaixou-se e<br />

collocou Pe-tchi-li no seu logar. – Alguns passos mais e estavamos no outro continente.<br />

O anjo me avisou que por ali acabava de haver guerra tambem. Passámos, em seguida,<br />

para um trecho escuro, ao sul. Ainda ali havia guerra... oh! Fiz um gesto brusco. Senti<br />

mesmo uma indignação, uma revolta espantosa. – Que diabo! guerra e mais guerra por<br />

toda esta porcaria... De onde vem essa guerra? – “Dali – disse-me o anjo, apontan<strong>do</strong><br />

para a Europa: aquelles agarram-se á vida com unhas e dentes... Quasi não pude conter<br />

o meu furor. Tive impetos de passar as mãos pelas cumiadas <strong>do</strong>s Alpes, <strong>do</strong>s Pyreneus,<br />

<strong>do</strong> Caucaso e <strong>do</strong>s Uraes, e arremessar tu<strong>do</strong> sobre a Europa, cobril-a, sotterral-a, fazel-a<br />

desapparecer para sempre, deixan<strong>do</strong>, em logar della, só um grande monte desola<strong>do</strong>. Mas<br />

o anjo applaca a minha colera, dizen<strong>do</strong>-me umas palavras muito sabias. Bem boa lição<br />

que aproveitei ainda! Fomos depois ao polo arctico, e dali, junto com meu guia, puz-me<br />

a contemplar longamente to<strong>do</strong> o hemispherio. – Ah! viver assim... é que eu queria...<br />

assim... bem no alto... a destacar só as grandezas, as syntheses supremas... ten<strong>do</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!